QUANDO CHEGAR O MOMENTO

Por que funeral de Elizabeth II está pronto e envolve plano de Estado; Veja detalhes

Jubileu de Platina, que celebra 70 anos de coroação da rainha, trouxe de volta um assunto delicado, mas necessário. Os preparativos para a morte da monarca mais longeva e emblemática do Reino Unido em séculos

Coroa do Reino Unido sendo levada em cerimônia real..Créditos: iStock Free Images
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A rainha Elizabeth II completou 70 anos no trono do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, um Jubileu de Platina, e a marca histórica, o mais longevo reinado do país, está sendo comemorada com um feriado de quatro dias em que cerimônias pomposas se espalham por toda a nação, como desfiles militares e aparições públicas, em que pese a idade da monarca, de 96 anos, que inclusive não compareceu a uma missa de ação de graças, realizada nesta sexta-feira (3), em sua homenagem, na Capela de São Paulo, após sentir um indisposição no dia anterior.

No entanto, um assunto que causa incômodo em boa parte dos cidadãos britânicos voltou ao noticiário nos últimos dias, já que a rainha tem idade avançada e pouco a pouco vem deixando compromissos oficiais a cargo de seu filho Charles, o herdeiro da coroa: o funeral a ser realizado quando a mais emblemática monarca do Reino Unido nos últimos séculos deixar este plano.

A morte de Elizabeth II é um assunto de Estado e há uns bons anos já existe um plano do governo britânico para quando chegar o momento que seus súditos não gostam sequer de pensar. Como chefe de Estado do Reino Unido, sua morte implica numa vacância de poder como detentora do trono, que imediatamente deve ser suprido por seu sucessor, no caso, pelas leis locais, o príncipe de Gales, Charles.

Rígidos protocolos de Estado deverão ser acionados tão logo se confirme o falecimento de Elizabeth II. O governo britânico tem na manga, há décadas, um plano chamado Ponte de Londres (London Bridge). Assim que for confirmado o falecimento da mulher que há 70 representa o país, independentemente das circunstâncias, seu secretário particular deverá telefonar para o primeiro-ministro britânico e dizer um código em inglês: “London Bridge is down” (“A Ponte de Londres caiu”).

Até o Palácio de Buckingham anunciar oficialmente a morte da rainha e o Downing Street 10 informar os servidores de todos os setores estatais do país, a notícia do falecimento seguirá restrita e sendo transmitida por meios de comunicação fortemente protegidos e criptografados. Antes de tudo, é necessário assegurar que Charles ascenda ao trono e não haja vácuo de poder. As nações da Commonwealth, que têm Elizabeth II como chefe de Estado, também precisam ser informadas por Londres.

Passadas algumas horas, a Press Association, a agência estatal britânica de jornalismo, emitirá uma nota a todos os países da Terra e a tornará pública, para o conhecimento de todos. Estará encerrada aí a etapa da comunicação da morte.

A BBC, uma das maiores e mais prestigiadas companhias jornalísticas do planeta, que é do Estado britâncio, acionará uma sirene utilizada para bombardeios, em suas emissoras de rádio por todo o território do Reino Unido. As emissoras de TV deverão paralisar toda e qualquer transmissão para dar a informação à sociedade.

Até os pilotos de aviões de linhas aéreas de bandeira britânica deverão informar imediatamente os passageiros de suas aeronaves, onde quer que estejam. O comércio e a maior parte dos estabelecimentos deverão encerrar as atividades e liberar os empregados para irem para casa com suas famílias.

O corpo de Elizabeth II deverá, então, ser levado para Buckingham, se lá já não estiver, e será colocado na Sala do Trono, escoltada por quatro granadeiros do Household Division, uma das unidades do Exército Real Britânico que servem à realeza. Às 11h do dia seguinte à morte, Charles formaliza sua chegada ao poder com a proclamação oficial de sua coroação.

O enterro da rainha mais longeva da história do Reino Unido só ocorrerá nove dias após a morte, com a cerimônia organizada duque de Norfolk, o cargo nobiliárquico que realiza esses eventos desde 1672. Dez pessoas carregarão seu caixão, onde também estarão as joias da coroa (retiradas antes de sepultá-la), até a Abadia de Westminster, onde seguirão os ritos fúnebres. De lá, a Marinha Real trasladará seu corpo, agora já sem as joias, para o Castelo de Windsor, onde finalmente será colocado no jazigo real. Esta última etapa não terá a presença da imprensa e será destinado apenas aos personagens mais íntimos da vida da monarca.