PODE SER EXECUTADO

Quem é o Indiana Jones da vida real que pode ser condenado à morte no Iraque

Arqueólogo entrou no país árabe e tentou levar relíquias de lá, mas se deu mal. Diplomacia corre contra o tempo para livrá-lo da pena capital. Confira a história que parece de filme

Jim Fitton em roupas de presidiário indo a audiência, no Iraque.Créditos: SkyNews/Reprodução
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Quem acompanhou a saga Indiana Jones, sucesso no cinema mundial, criada por George Lucas e Steven Spielberg e estrelado por Harrison Ford, acostumou-se com o arqueólogo destemido que enfrenta os mais perigosos vilões para preservar relíquias que podem ser roubadas de seus locais de origem. Só que um britânico de 66 anos resolveu emular parte das aventuras do mito cinematográfico e acabou entrando numa fria.

Jim Fitton, um arqueólogo veterano nascido na cidade de Bath, no sudoeste da Inglaterra, viajou ao Iraque e lá resolveu “adquirir” alguns objetos históricos. Ele foi ao sítio arqueológico de Eridu e se apropriou de 12 pedras e cacos cerâmicos que estavam no local. No hotel, colocou todos os itens na mala e seguiu para o aeroporto, mas foi descoberto pela polícia iraquiana.

Ao ser surpreendido, Fitton alegou que não sabia que aquilo era crime, mas a desculpa não foi suficiente para evitar que ele fosse preso e levado para um presídio do país árabe. O caso virou um processo e agora o acadêmico britânico está prestes a ser condenado por um tribunal de Bagdá, inclusive podendo ser sentenciado à morte.

Um dos juízes que analisou o caso de Fitton preliminarmente, Jaber Abdel Jabi, ficou revoltado com o argumento do estrangeiro de que o local não tinha guardas ou indicações sobre ser um lugar de preservação, alegando ainda que alguns dos vestígios levados por ele eram menores que suas unhas. “Esses lugares, em nome e por definição, são locais antigos. Não é preciso dizer que é proibido... E o tamanho do que foi levado não importa”, respondeu a autoridade judicial.

O acusado estava o tempo todo acompanhado de um cidadão de origem alemã identificado como Volker Waldmann, que também está preso e é arrolado com Fitton no mesmo processo. O companheiro disse que os dois fragmentos encontrados em sua bagagem não eram de sua propriedade e que teriam sido passados pelo inglês, que pediu para ele colocá-los em sua bolsa.

No próximo domingo (22), a dupla terá uma nova audiência num tribunal iraquiano, que pode resultar numa condenação à forca. O Ministério de Relações Exteriores do Reino Unido, que tem como princípio fundamental não interferir em situações com cidadãos britânicos envolvidos em crimes em países estrangeiros, enviou um comunicado informando que chegou a levantar o caso quatro vezes em contato com autoridades do Iraque e que até o consulado do país europeu em Bagdá tentou intervir, abrindo uma exceção constrangedora para a diplomacia de Londres. A princípio, as tentativas não resultaram em qualquer progresso favorável ao réu.

A família de Fitton disse que compreende a posição do pessoal diplomático e que a partir de agora procura “ficar em paz” para torcer por uma sentença menos rígida por parte dos juízes iraquianos. Segundo os familiares, advogados que atuam no caso no país árabe disseram que uma condenação à morte não seria comum para um episódio do tipo.