ELEIÇÃO CONTROVERSA

Filipinas: Ferdinand Marcos Jr., filho de ditador deposto nos anos 1980, é eleito presidente

A campanha do presidente eleito teve como foco as redes sociais e a parcela da população que não viveu a ditadura e foi acusada de promover desinformação e mentiras sobre o regime autoritário de seu pai

Filipinas: Ferdinand Marcos Jr., filho de ditador deposto nos anos 1980, é eleito presidente.Créditos: Reprodução/ redes sociais
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Com 90% dos apurados, Ferdinand Marcos Jr., filho e herdeiro político do ditador deposto das Filipinas, é apontado como candidato vencedor da disputa presidencial. Ele superou os quase 27,5 milhões de sufrágios necessários para garantir a maioria, com mais do que o dobro da votação de seu principal adversário, Leni Robredo. 

Esta é a primeira vitória eleitoral por maioria desde a revolução de 1986, quando o ditador Ferdinand Marcos foi deposto. Com a vitória de Ferndinand Jr., a família Marcos retorna ao poder 36 anos depois de fugirem do país. 

A campanha de Marcos Jr., que teve como base principal as redes sociais e com foco no público que não vivenciou a ditadura, é acusada de ter disseminado desinformação e mentido sobre o período em que seu o pai comandou o país. Um dos eixos comunicacionais da campanha foi bater na ideia de que seu pai e sua família foram vítimas de mentiras e perseguição política. 

 

BongBong 

 

Com 93,8% das cédulas válidas apuradas, Marcos Jr., que também é conhecido como BongBong, acumula 29,9 milhões de votos. 

De acordo com informações do DW, o comparecimento dos filipinos às urnas chegou em 80%. O resultado oficial pode demorar semanas e deve ser conhecido no final deste mês. 

Durante a campanha, BongBong pediu ao eleitorado para que não lhe julgassem "pelos meus ancestrais, mas pelas minhas ações". Junto com a sua família, Marcos fugiu com sua família para o Havaí após uma revolta popular em 1986 que encerrou o regime ditatorial comandado por seu pai. 

A Filipinas retomou o modelo democrático em 1991 com o retorno dos trabalhos do Congresso e no Senado. 

Estranhamente, após a divulgação dos resultados o candidato vitorioso ainda não se pronunciou, apenas o seu porta-voz Vic Rodriguez. 

"Esta é uma vitória para todos os filipinos e para a democracia. Para aqueles que votaram em BongBong e aqueles que não votaram, é sua promessa ser um presidente para todos os filipinos. Buscar um terreno comum entre as divisões políticas e trabalhar juntos para unir a nação", declarou Rodriguez. 

Apesar de ter realizado uma campanha em defesa da democracia e da unidade, a imprensa local ainda enxerga com desconfiança o que pode vir a ser o governo de Marcos. 

 

Redes sociais 

 

Marcos Jr. já foi senador e congressista. Sua irmã Imee é atualmente senadora e sua mãe, Imelda Marcos, exerceu quatro mandatos parlamentares. Além disso, o neto do ditador, Ferdinand Alexander, deve ser eleito para um vaga no Congresso. Como se vê, toda a família Marcos está no poder. 

Outra questão destacada pela imprensa, é o fato de que BongBong não apresentou um programa de governo e que toda a sua campanha foi baseada em frases de efeito sobre unidade e democracia. Para os analistas filipinos, o seu governo deve ser de continuidade do também autoritário Rodrigo Duterte. 

A vice-presidenta é filha do atual presidente Rodrigo Duterte. A opção de Marcos Jr. em ter escolhido Sara Duterte-Carpio para a vice de sua chapa foi apontado como um trunfo para garantir a sua vitória e também para alcançar outros território eleitorais. 

Além da aliança com Duterte, Marcos Jr. também foi criticado por não ter comparecido aos debates eleitorais e ter realizado poucas aparições públicas.