O caso de uma família de cinco pessoas que se atirou de uma varanda do 7° andar de um prédio de luxo na cidade suíça de Montreux, em 24 de março, que chocou o mundo e deixou as autoridades locais perdidas, segue sendo um mistério e, de acordo com novas revelações, o comportamento excêntrico e as esquisitices relatadas não contribuem em nada para o esclarecimento da tragédia, tornando as investigações ainda mais confusas. As recentes informações foram retiradas de órgãos de imprensa como a RTL, o Nice-Matin e o Charente Libre, da França.
A polícia suíça já sabia que pai, mãe, um casal de filhos e uma irmã gêmea da mulher viviam completamente isolados do mundo, mantendo estoques de comida imensos e se negando a manter qualquer contato mínimo com os vizinhos. Materiais apreendidos tinham revelado também que todos eram adeptos de teorias da conspiração e que viviam com medo de serem perseguidos e monitorados pelas autoridades. Agora, um novo conjunto de dados, incluindo as identidades e o passado das vítimas, desvirtua ainda mais os investigadores.
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Gente da elite intelectual e rica
Éric David, o pai, era de uma família muito rica e tradicional de Marselha, segunda maior cidade da França, localizada na costa do Mar Mediterrâneo. Ele nasceu e foi criado num dos bairros mais nobres do município e se formou na École Polytechnique, uma das mais importantes instituições de Ensino Superior da França, tendo trabalhado em vários ministérios de Estado de seu país, até que largou tudo e foi viver de vender ingressos de partidas de futebol como autônomo na Suíça, há pouco mais de dois anos.
Já Nasrine e Narjisse Feraoun, esposa e cunhada de Éric, respectivamente, eram netas do intelectual e escritor franco-argelino Mouloud Feraoun, que foi sequestrado e assassinado em 1962 por uma organização terrorista de extrema-direita que lutava contra a independência da Argélia, até então uma colônia da França. Ele era amigo muito próximo do lendário escritor Albert Camus e é autor dos clássicos O Filho dos Pobres (1950), Terra e Sangue (1953) e Les Chemins qui Montent (1957). No início de março, o presidente francês Emmanuel Macron realizou uma cerimônia no Palácio do Eliseu para homenagear o avô delas, como um mártir da luta pela libertação do povo argelino. As gêmeas, de 41 anos, estudaram durante a juventude no Lycée Henri-IV de Paris, o mais refinado, elitizado e exclusivo colégio da França.
Mandado de detenção
No mesmo dia da tragédia, às 6h15, dois policiais de Montreux tentaram cumprir um mandado de detenção contra Éric David por ele não estar mandando o filho de 15 anos à escola. O juiz determinou que Éric fosse levado àquela hora da manhã ao fórum, escoltado pelos agentes, para ser questionado sobre sua negligência com o garoto. A dupla bateu na porta do imóvel e depois de muito silêncio alguém respondeu, perguntando quem era. Ao anunciarem que eram da polícia e que cumpriam uma ordem judicial, nada mais foi ouvido. Os agentes, então, foram embora, já que o mandado do magistrado não autorizava a invasão da residência. Apenas 45 minutos depois todos se atiraram da varanda, de uma altura de 22 metros.
As autoridades suíças descobriram que Nasrine, a mãe, e a filha de oito anos não eram cadastradas como moradoras do país e nem da cidade, como determina a lei suíça, e estariam oficialmente no Marrocos desde 2016, de acordo com os registros da polícia. Os jornais locais só não informam se esses são dados da União Europeia, já que todos eram cidadãos franceses, ou se são da Suíça, nação que, embora fique na Europa, não faz parte do bloco. A menina não ia à escola e a mãe, dentista (a irmã Narjisse é médica oftalmologista, mas Nasrine não, diferentemente do que havia sido divulgado anteriormente), não tinha autorização para exercer a profissão no país alpino.
Muito esquisitos, dizem vizinhos
Vizinhos revelaram ainda outros traços esquisitos da família. De uns meses para cá o cheiro de incenso saindo do apartamento era cada vez mais forte e no dia que antecedeu o trágico fato o odor estava insuportável. Moradores do luxuoso edifício também relataram que todos os dias, à meia-noite em ponto, a banheira do toilette era cheia, e eles sabiam disso porque um ruído específico ocorre quando algum condômino utiliza o equipamento.
O que também foi relatado é que os três adultos, Éric, Nasrine e Narjisse, costumavam fazer passeios de madrugada pelo glamuroso Lago Genebra, que fica a uma quadra do local. O marido ia sempre de short de praia e camiseta, mesmo em dias muito frios, enquanto a esposa e a cunhada usavam capas verdes longas, com capuz. Nasrine, segundo pessoas das redondezas, teria passado a usar uma bengala de um ano para cá e também teria engordado aproximadamente 20kg em poucos meses.