O professor de Relações Internacionais, Reginaldo Nasser, declarou que as sanções impostas pelos Estados Unidos e pela comunidade europeia à Rússia, em função da guerra contra a Ucrânia, são “uma loucura”. “Atingem o povo russo, não Putin (Vladimir)”, afirmou, em entrevista ao Fórum Onze e Meia desta segunda (7).
“Esse tipo de sanção econômica só penaliza a população. Além disso, o que se pretende, derrubar o Putin? Coagir uma grande potência preocupa”, disse Nasser.
O professor também analisou como imagina que serão as consequências do conflito para o presidente russo. “Mesmo que ganhe a guerra, Putin sairá desgastado, perderá espaço político. Ele vai continuar tendo apoio na Rússia, mas vai sair chamuscado, pois o custo será alto, maior do que ele previa”.
Nasser destacou, ainda, que o presidente russo não esperava que houvesse tanta resistência militar à invasão. “A questão principal é que mesmo sendo quase impossível a Rússia perder, essa resistência está fazendo com que os russos intensifiquem os ataques, o que provoca mais mortes”.
O professor avaliou que Putin caiu em uma armadilha dos Estados Unidos e da Otan. Mesmo assim, ele não acredita na possibilidade de uma guerra nuclear. Mas fez um alerta: “Essa possibilidade é improvável, mas não impossível”.
Bolsonaro tende a apoiar a Rússia não só pela crise dos fertilizantes
Em relação ao posicionamento ambíguo de Jair Bolsonaro (PL), inclusive tendendo a apoiar a Rússia, Nasser disse que isso não se explica, apenas, pela crise dos fertilizantes.
Inclusive, a necessidade que o Brasil tem de importar o insumo foi um dos principais motivos da visita de Bolsonaro à Rússia em fevereiro.
“Na cabeça deles (governo brasileiro), o Biden (Joe) e a União Europeia são globalistas e eles não negociam com globalistas. Em contrapartida, o Putin, ainda segundo eles, é nacionalista. Com ele dá para negociar”, apontou.
Posicionamento da China a credencia como possível mediadora
Nasser ressaltou que o posicionamento da China, até o momento, é bom. “O governo chinês ajuda a Rússia, principalmente nos problemas provocados pelas sanções econômicas, mas não adere completamente”, afirmou.
“Isso credencia o país como mediador do conflito. A questão é que a China nunca fez isso, pois o país não gosta de entrar em conflitos externos. Ao mesmo tempo, não creio que os Estados Unidos vão ter um envolvimento maior com Taiwan, inclusive com ameaças de colocar bases no local”, acrescentou.
“Os Estados Unidos querem o petróleo da Venezuela”
Nasser também abordou as razões para a suposta aproximação entre os governos dos Estados Unidos e da Venezuela. Integrantes do alto escalão do governo Joe Biden negociam uma eventual reabertura de mercado de petróleo na Venezuela, de Nicolás Maduro.
“A razão é a crise do petróleo. Os Estados Unidos querem o petróleo da Venezuela. Os governantes negociam por interesse e não por ideologia”, apontou.
O preço do barril do petróleo chegou a US$ 139 na noite deste domingo (7), após o secretário do Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, anunciar sanções sobre o petróleo russo.
Assista à íntegra da entrevista: