Adriana Dias, que pesquisa sobre políticas de extrema-direita e racismo há 20 anos, confrontou uma das teses do presidente da Rússia, Vladimir Putin, para justificar a invasão da Ucrânia: “desmilitarizar e acabar com o nazismo”.
De acordo com ela, “o Brasil tem hoje 530 células neonazistas e vive um momento de grande força da extrema-direita. Isso dá a algum país o direito de nós invadir em nome disso? Não. Então também não dá a Rússia o direito de invasão”, conclui.
Adriana pede ainda para que “olhem para 2014, e observem como o movimento foi tomado na Ucrânia pela extrema-direita. Lá ocorreu o movimento dos 300, forçando muitas cidades a silenciar a força”.
De acordo com ela, “aconteceu um banho de sangue em 2014 porque o governo da época reprimiu o povo com força violenta, forças nacionalistas de extrema direita entraram no processo”.
Invasão russa
“Pense agora na população que passou por toda essa trajetória, de massacre em massacre, se vendo novamente invadida em nome da civilização. O país estava resolvendo essas coisas internamente”, lembra.
Para ela, “são processos históricos complexos e que levam gerações para serem elaborados, mas devem ser resolvidos internamente. Não há nada que demonstre que a invasão russa vá acelerar a desnazificação”.
“Ao contrário, eu penso que a invasão é motivada pelo desejo de anexar instalações de produção/arsenal nuclear, visto que Putin investiu o similar de mais de 70 bilhões de reais na restauração do projeto nuclear da antiga URSS”, encerra.