Um vazamento de informações sigilosas sem precedente mostrou que o banco Credit Suisse mantinha milhares de contas em nome de criminosos, espiões, torturadores, traficantes, líderes de regimes autoritários e até mesmo representantes do Vaticano.
As informações foram divulgadas neste domingo (20) por um consórcio de jornalistas do mundo todo. A Organized Crime and Corruption Reporting Project (OCCRP), sob o comando do jornal alemão Süddeutsche Zeitung, conta com 160 jornalistas de 48 meios de comunicação, que analisaram os dados nos últimos meses.
Segundo apuração, havia no banco uma fortuna de mais de US$ 100 bilhões em nome de personalidades suspeitas e com inúmeras fontes de receitas, de acordo com informações de Jamil Chade, no UOL.
Segundo a reportagem, o vazamento “expõe a incoerência do sistema bancário suíço e aumenta a pressão para que um ponto final seja dado ao uso das instituições do país europeu para a lavagem de dinheiro”.
O Credit Suisse é um dos maiores bancos do mundo, com ativos que chegam a até US$ 1,5 trilhão.
Os dados obtidos pelos jornalistas indicam que existem na instituição bancária mais de 30 mil contas secretas.
Os donos das contas são o chefe da espionagem do Iêmen, acusado de tortura, filhos de ditadores, traficantes de seres humanos, políticos corruptos e funcionários públicos acusados de desviar milhões de dólares da receita do petróleo venezuelano.
O Credit Suisse é o primeiro banco a ser alvo de uma ação criminal, na Suíça. Os promotores de Justiça ressaltam que a instituição financeira permitiu que um grupo de contrabandistas de cocaína búlgaros lavasse 146 milhões de euros em dinheiro da droga por meio de contas do banco.
Banco diz que os clientes são “predominantemente históricos”
Mesmo se recusando a fornecer informações sobre clientes individuais, o banco afirmou que eles eram “predominantemente históricos”.
Além disso, destacou que a “maioria esmagadora” de contas problemáticas identificadas pelo grupo de jornalistas “está hoje fechada ou estava em processo de fechamento antes do recebimento das consultas da imprensa”.