O presidente do Peru, Pedro Castillo, anunciou nesta quarta-feira (7) que o Congresso da República está dissolvido e declarou que o país agora está sob um governo de emergência, no qual ele poderá governar por decreto, até que uma nova constituição e eleições parlamentares estejam elaboradas, num prazo, segundo ele, de nove meses. Castillo também determinou toque de recolher e determinou que as Forças Armadas mantenham a ordem em todo território nacional.
A decisão do chefe de Estado do país andino veio horas antes de uma sessão no Congresso da República que votaria uma moção de censura que poderia culminar com seu afastamento da Presidência. Ele não tem maioria no Congresso e vive às turras, desde o primeiro dia de mandato, com os parlamentares. A oposição, sobretudo a de extrema direita, controlada por Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori, insistentemente tenta derrubá-lo do cargo, desde sua vitória eleitoral por estreitíssima margem, em 2021.
As acusações feitas contra Castillo vão na mesma direção de outras imputadas a líderes de esquerda sul-americanos: a velha cantilena da corrupção, invariavelmente com o envolvimento de empreiteiras que mantêm contratos com o poder público.
Desde 2016, quando o então presidente Pedro Pablo Kuczynski foi eleito, o Peru vive submerso numa crise institucional interminável, inicialmente gerada pelo desenrolar de investigações ligadas à Lava Jato, do Brasil. Várias mandatários já foram presos desde então, como o próprio Kuczynski e o foragido Alejandro Toledo, que vive nos EUA. O líder de esquerda Alan Garcia, que governou o Peru de 1985 a 1990 e depois de 2006 a 2011, também foi envolvido nas operações judiciais, mas cometeu suicídio na frente dos policiais que foram prendê-lo em casa, em 2019, dizendo-se vítima de uma injustiça.