Agentes do DEA (Drug Enforcement Administration), instituição de controle de drogas dos Estados Unidos que tem um braço na saúde e outro nas forças de segurança, afirmaram para a imprensa local que ao longo de 2022 apreenderam uma quantidade de fentanil suficiente para exterminar toda a população do país. As informações dão conta da interceptação de 379 milhões de doses letais – o país tem 331 milhões de habitantes.
Esqueça a cocaína, a heroína, as anfetaminas ou o crack, de acordo com a DEA o fentanil é hoje a droga mais mortal dos Estados Unidos, que desde 2017 vive oficialmente uma epidemia de opiáceos.
O fentanil é um opiáceo sintético, originalmente utilizado como medicação para a dor por anestesistas, e seria 50 vezes mais forte do que a própria heroína e a própria morfina, ambos opiáceos mais famosos. Funciona conectando-se a receptores cerebrais e ativando a dopamina. O início da ação do efeito é imediato. Tanto faz se a pessoa injeta a substância, a toma como comprimido ou liquido por via oral ou através de pós e sprays nasais. A sensação, sobretudo a perseguida por usuários de drogas, é a de um relaxamento extremo do corpo, e uma confusão mental leve. Mas os imprevisíveis efeitos colaterais são diversos. Entre os mais leves estão náuseas, sonolência e confusão mental mais pesada. Nos casos mais graves pode causar depressão respiratória, síndrome de serotonina, diminuir a pressão arterial e causar dependência - além de possibilitar o desenvolvimento de outros problemas.
O medicamento não é completamente proibido. Seu uso médico é regulado nos EUA desde 1968. O problema é a produção e consumo fora desses marcos. Ainda, seu uso foi popularizado nos EUA, segundo artigo da revista Mens Health, pela série Euphoria, exibida pela HBO.
Ainda segundo o informe dos agentes do DEA, a maior parte do fentanil que é traficado para os EUA foi produzido no México pelos cartéis de Jalisco e Sinaloa em laboratórios clandestinos que utilizariam insumos químicos chineses. O órgão teria apreendido em 2022 mais do que o dobro do ano anterior. Seriam 4,5 toneladas da substância bruta, além de 50 milhões de comprimidos milimetricamente semelhantes a analgésicos comuns.
O fentanil seria responsável por dois terços das mortes por overdose nos Estados Unidos em 2021, o que equivaleria a 182 óbitos por dia. Foram cerca de 100 mil mortes por overdose no período.
*Com informações do G1, Men's Health e do CDC - Center for Disease Control and Prevention, dos EUA.