Em maio deste ano, durante o seu discurso para o Estado da União, o presidente Biden fez um anúncio de que iria fornecer US$ 1,5 bilhão para financiar os programas de combate à epidemia que o país enfrenta de dependência e overdose por opiáceos.
Na ocasião em que anunciou o financiamento bilionário do programa de combate à dependência e overdose por opiáceos, o presidente dos EUA foi enfático e afirmou que "derrotar a epidemia dos opiáceos é um pilar de sua política para a Saúde".
Epidemia
A epidemia de opiáceos foi declarada de forma oficial em 2017 pela Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA (HHS).
Outro dado alarmante da HHS é que cerca de 40% das mortes por overdose foram provocadas por opiáceo prescrito, fato que tem gerado uma forte discussão sobre a responsabilidade da indústria farmacêutica na referida epidemia.
Dados do Centro Nacional de Estatísticas de Saúde (NCHS) revela que 100 mil pessoas morrem por overdose por ano nos EUA e, desse total, 80 mil são pelo uso de opioides, um aumento de 850% em duas décadas.
Remédio milagroso
A verba anunciada em maio por Biden para os programas de combate à overdose e dependência de opiáceos e heroína foi recebida de maneira muito positiva para uma série de grupos que atuam diariamente para salvar pessoas de overdose.
Mas de que maneira as pessoas que entram em processo de overdose - que muitas vezes pode ser fatal - estão sendo salvas?
Com o avanço da epidemia, dois medicamentos foram criados e que ressuscitam as pessoas que entram em processo de overdose.
Um desses medicamentos é o Naloxona, que a NCH define como "um antagonista opioide". A medicação bloqueia os produtos químicos da família dessas substâncias (heroína, Oxicodona, morfina e fentanil, entre outros) e os impede de aderir aos receptores do sistema nervoso.
Portanto, quando administrado a tempo, a Naloxona reverte por completo os efeitos de uma overdose por opioides.
No entanto, o acesso a esse medicamento ainda é restrito a profissionais de saúde na maioria dos países, mas na Austrália, Canadá, Itália e Reino Unido está disponível gratuitamente.
Já nos EUA, o Naloxona pode ser adquirido em farmácias na versão injetável (R$ 16) e na versão spray nasal, cujo kit com duas doses, que é comercializado sob o nome de Narcan, custa R$ 255.
Esses medicamentos são os principais instrumentos no combate à epidemia dos opioides e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) o descreve como "um medicamento com o poder de salvar vidas".
Apesar de vendido nas farmácias, os dois medicamentos são distribuídos de forma gratuitas entre policiais, socorristas, associações comunitárias e organizações que atuam com moradores de ruas e populações em risco.
Segundo dados do Projeto de Distribuição de Naloxona do Departamento de Serviços de Saúde da Califórnia (DHCS) mais de 100 mil overdoses foram evitadas com o uso do Naloxona.
Nova demografia da epidemia
Se até 2018, as principais vítimas de overdose por opiáceos eram homens brancos com idade entre 15 e 34 anos das classes mais ricas, atualmente, segundo levantamento do JAMA Network Open, essa demografia se alterou.
Em 2021, as taxas de overdose aumentaram entre os indígenas americanos e os nativos do Alasca. Mas, o grupo mais afetado neste momento são os homens negros com idade entre 35 e 64.
Além disso, o CDC afirma que as mortes por overdose por opiáceos superou 100 mil em 2020, um registro recorde.
Heroínas
A epidemia dos opiáceos nos EUA foi tema do documentário curta-metragem "Heroínas" (2017), que foi indicado ao Oscar.
No filme acompanhamos o dia a dia de voluntários e do departamento da polícia que atuam diariamente para combater as overdoses motivadas por heroína e opiáceos.
Além disso, também é retratado o cotidiano de alguns jovens usuários de opiáceos e a lamento de suas mães quanto a possibilidade de um dia ver o seu filho vítima de uma overdose.
Com informações da BBC e CNN.