Ex-assessor e homem de confiança de Donald Trump, o mentor da família de Jair Bolsonaro (PL), Steve Bannon, teve pedido de prisão de seis meses feito, nesta segunda-feira (17), pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos a um juiz federal.
A alegação é que Bannon usou uma “estratégia provocativa de má-fé e desacato” contra o comitê do Congresso, responsável por investigações sobre o ataque ao Capitólio, no dia 6 de janeiro de 2021.
Influente figura política da extrema direita estadunidense, Bannon foi condenado em julho por duas acusações de desacato ao Congresso por não respeitar uma intimação.
Ele deve ser sentenciado perante o juiz dos EUA, Carl Nichols, na manhã de sexta-feira (21), de acordo com a Reuters.
Os promotores relataram ao juiz, em sua recomendação de sentença, que as ações de Bannon, incluindo sua recusa em apresentar “um único documento” ao comitê do Congresso, causaram a recomendação à sentença de prisão.
Eles também solicitaram a Nichols que imponha multa máxima de U$ 200 mil (cerca de R$ 1 milhão).
“As declarações do réu provam que seu desacato não visava proteger o privilégio executivo ou a Constituição, mas visava minar os esforços do comitê para investigar um ataque histórico", diz um trecho do documento.
Ligação de Bannon com família Bolsonaro é antiga
Em 2018, meses antes das eleições presidenciais no Brasil, Eduardo Bolsonaro anunciou, em entrevista, que Bannon daria palpites na campanha do pai. "O suporte é dica de internet, de repente uma análise, interpretar dados, essas coisas", declarou o parlamentar, em entrevista à revista Época.
“O mesmo tratamento que tem o Trump lá é o que se dispensa ao Bolsonaro aqui. Todos esses rótulos e tudo mais. É praticamente a mesma coisa. Os dois brigam contra o establishment”, completou.
Em fevereiro de 2019, Eduardo voltou a comentar sobre a parceria com Bannon nas redes sociais. Na época, ele informou que foi convidado para ser líder pela América Latina da aliança internacional de ultradireita “O Movimento”, fundada pelo estrategista de Trump.
“Satisfação em ser o líder do The Movement para América Latina ao lado de Steve Bannon”, tuitou Eduardo, sobre a imagem de uma foto ao lado de Bannon com um texto dizendo que vai trabalhar para “recuperar a soberania surrupiada pelas forças elitistas globalistas progressistas e expandir o nacionalismo para todos os cidadãos da América Latina”.
Desde então, Eduardo ocasionalmente publica fotos ao lado do guru da extrema direita em jantares, reuniões e eventos. Em fevereiro de 2020, por exemplo, o deputado representou a extrema direita brasileira na CPAC (sigla em inglês da Conferência da Ação Política Conservadora), em Fort Washington, nos Estados Unidos. O evento também contou com participação de Bannon.
O responsável pela aproximação do clã Bolsonaro e Steve Bannon foi o executivo do mercado financeiro Gerald Brant, diretor de uma empresa de investimentos em Wall Street. Ele chegou a ser cotado por Bolsonaro para assumir um cargo relevante no Ministério das Relações Exteriores.
Ele foi sondado para atuar como uma espécie de “conselheiro” do Itamaraty, como assessor especial e ligado diretamente ao gabinete do então chanceler Ernesto Araújo, de acordo com o jornal Valor Econômico. O executivo afirmou, ainda, que estaria disposto a somar como “soldado”, mas que ainda não teria batido o martelo na sua vinda para o governo brasileiro, o que acabou não se concretizando.