Os sete congressistas democratas e os dois republicanos que integram a comissão que investiga a Invasão do Capitólio de Washington, ocorrida em 6 de janeiro de 2021, votaram unânimes a favor de intimar o ex-presidente Donald Trump (Rep) a prestar depoimento sobre sua participação no episódio.
Funcionando há mais de um ano, a “CPI do Capitólio”, como apelidamos no Brasil, já ouviu mais de mil testemunhas e além do depoimento de Trump, também exigirá o fornecimento de documentos relativos ao ataque.
Trump é acusado de ser o mentor do ataque. Os parlamentares acreditam que ele teria um plano premeditado para contestar os resultados eleitorais em caso de derrota e querem montar uma argumentação que demonstre as condutas ilegais às quais acusam o ex-presidente. Os congressistas devem apresentar um relatório final a partir de dezembro. A data do depoimento ainda não foi divulgada.
Busca e apreensão na mansão de Trump
Em 8 de agosto o FBI fez a operação de busca a apreensão na mansão Mar-A-Lago, de Trump, localizada na Flórida. Os agentes teriam entrado na casa trajando ternos ao invés dos tradicionais coletes com a inscrição da corporação; às dez da manhã, ao invés do costumeiro horário das cinco e meia da matina para esse tipo de operação; e em um dia em que Trump não estava no local, pois visitava a sua Trump Tower em Nova Iorque. Tudo isso para evitar constrangimentos e exposições tanto do ex-presidente, como das investigações que correm em sigilo. Nem o atual presidente do país, Joe Biden, teria ciência do cumprimento do mandato.
Extremamente irritado com a situação, Trump não guardou silêncio e convocou horas depois uma coletiva de imprensa para comentar a entrada dos oficiais em sua mansão. Trump não quis explicar o porquê da operação em sua casa, reclamou que nenhum outro ex-presidente havia sido tratado daquela forma e que coopera com as investigações a respeito da invasão do capitólio de Washington, em 6 de janeiro do ano passado, por seus seguidores. Um assunto que ele fez questão de recordar naquele momento.
No final das contas, Trump acusa as investigações de serem “politizadas” por estarem ocorrendo meses antes das primárias das eleições legislativas do ano que vem, que ocorrem em 8 de novembro. The Donald estaria ensaiando sua "volta triunfal" à política. Acontece que foi ele mesmo quem tornou a operação pública e entregou seu próprio interesse político relacionado a elas.
Em 26 de agosto, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos divulgou uma edição do depoimento que possibilitou a aprovação das buscas e apreensões na mansão Mar-A-Lago, onde o ex-presidente fixou residência após deixar a Casa Branca.
O ex-presidente levou da Casa Branca mais de 700 páginas de documentos sigilosos – incluindo alguns sobre operações de inteligência. Antes da operação o governo já desconfiava de que Trump teria tais documentos e temia uma publicação dos mesmos.
Um dos trechos do documento cita a expressão “recursos humanos clandestinos”, que significa justamente espiões e informantes, como tema dos documentos levados por Trump. No quesito segurança nacional, isso pode ser somado à outros documentos que Trump teria levado para a Flórida, alguns sobre o arsenal nuclear do país, entre outros documentos sigilosos que visam a segurança nacional da maior economia do planeta.
Além disso, o Departamento de Justiça encontrou testemunhas civis da subtração dos documentos por Trump e acredita que o ex-presidente esteja tentando atrapalhar investigações sobre sua participação na invasão do capitólio de Washington, em 6 de janeiro de 2021. Há uma grande preocupação em relação a segurança dessas testemunhas.
Foi ventilada a possibilidade de Trump responder por crime de traição e espionagem contra os EUA e o ex-presidente teve três passaportes apreendidos pela Justiça na sequência.
"CPI" do Capitólio
As investigações sobre a invasão do capitólio em 6 de janeiro de 2021, que contam com a cooperação entre parlamentares e investigadores profissionais do Estado, confirmaram o desaparecimento de documentos do Arquivo Nacional ao fim da gestão Trump. Entre esses documentos haveria registros de telefonemas de Trump e de pessoas do seu círculo mais próximo relacionados com o fato investigado.
Trump teria sido obrigado, mediante processo judicial, a devolver 15 caixas de arquivos ao Arquivo Nacional após sua saída. As investigações se concentram em materiais subtraídos, por isso a operação de busca e apreensão. Trump, assim como sua cópia brasileira, o presidente Jair Bolsonaro, alega que houve fraudes nas eleições dos EUA, em especial as que o tiraram da Casa Branca.
A CPI do Capitólio, como apelidamos no Brasil, já prendeu Steve Bannon - guru de Trump ao estilo de Olavo de Carvalho com Bolsonaro no Brasil - e mira Eduardo Bolsonaro em suas investigações. Parlamentares ainda afirmam que Trump não queria que seus seguidores se retirassem no capitólio após 6 horas de invasão. Ele teria sido forçado a pedir a saída dos manifestantes.
*Com informações da Carta Capital.