A fiscal-geral do Peru, Zoraida Ávalos, anunciou nesta terça-feira (4) que abriu uma investigação preliminar por corrupção contra o presidente Pedro Castillo. O político de esquerda assumiu o comando da nação andina há apenas cinco meses, após vencer a candidata de extrema direita Keiko Fujimori, filha do ditador Alberto Fujimori, condenado por violações aos direitos humanos, num pleito marcado por um resultado apertado, ameaças de golpe e oposição maciça das elites econômica e política peruanas ao professor de 52 anos.
As acusações, segundo Zoraida, seriam por conta de uma suposta visita de uma lobista chamada Karelim López a um imóvel no distrito de Breña, nos arredores de Lima, que pertence a uma pessoa próxima de Castillo, onde o então candidato à presidência realizava reuniões com amigos e familiares durante a campanha e nos primeiros dias de mandato. O esquerdista, até então desconhecido e de origem muito humilde, nasceu e viveu sempre Tacabamba, um povoado do departamento de Cajamarca, uma área pobre do interior do Peru, e não tinha local para ficar na capital durante o período eleitoral.
O dono do imóvel, que é da terra natal de Castillo e foi identificado como Segundo Sánchez Sánchez, deu uma entrevista à TV peruana e disse que cedeu a casa no período da disputa política e da transição porque Castillo é um homem “da província”, sem recursos e sem condições de ficar alojado em Lima. Sánchez Sánchez explicou ainda que o atual presidente conhece toda sua família e que sua mãe preparava comida típica de Cajamarca para o atual chefe de Estado. A tal reunião com a lobista, de acordo com o dono da casa, sequer ocorreu. Karelim, que é envolvida em outras investigações sobre corrupção, teria ido ao imóvel quando Castillo não estava, dizendo que queria entregar uns documentos a ele.
Por fim, surgiram informações que a irmã do dono da casa onde Castillo ficava hospedado teria obtido contratos com dois governos regionais do Peru recentemente, nos departamentos de Madre de Dios e de La Libertad, que são chefiados por partidos de direita, opositores de Castillo.
A imprensa independente e os segmentos mais progressistas da sociedade peruana vêm insistindo que as investidas de autoridades judiciais e do Ministério Público contra Pedro Castillo, sobretudo em questões pouco relevantes e aparentemente banais, são apenas o estopim para desestabilização de seu o governo, que sequer teve tempo, e trégua, para governar.