Numa audiência geral realizada na Santa Sé, em Roma, nesta quarta-feira (26), o Papa Francisco pediu para que os pais nunca condenem seus filhos por conta da orientação sexual deles e que sigam os acompanhando. A afirmação foi feita de surpresa, sem que o tema estivesse em discussão no encontro com os fiéis, que tratavam com o pontífice sobre as dificuldades da paternidade e da maternidade nos tempos modernos.
"Pais que veem orientações sexuais diferentes nos filhos, lidem com isso e acompanhem os filhos, e não se escondam no comportamento de condenação. A esses pais, eu digo que não se espantem: nunca devem condenar um filho", afirmou o Santo Padre.
A posição do líder católico ante um tema delicado para a Igreja e que esbarra em séculos de discriminação e marginalização de pessoas não heterossexuais e cisgêneros foi vista como um grande avanço dentro da doutrina conservadora dos cristãos apostólicos romanos.
Ainda que no ano passado Francisco tenha mantido a posição de que o casamento religioso deve ser restrito a casais formados por um homem e uma mulher, o Papa reafirmou que a união civil é um direito de todos os cidadãos e que a Igreja não deve interferir nisso. O Bispo de Roma já havia sinalizado com aproximação da comunidade LGBTQIA+ em outras ocasiões, quando disse, por exemplo, que todos devem ser acolhidos por suas famílias, sejam como filhos ou irmãos, e também quando assumiu que a Igreja Católica deve desculpas aos homossexuais.
Em 2018, durante uma viagem de Estado à Irlanda, Francisco já havia orientado os pais a jamais ignorarem seus filhos pequenos ao notar que eles são homossexuais, tampouco abandoná-los ou expulsá-los da família. Para ele, esses filhos, crianças ou não, têm o direito de se expressar.