The Lancet fala em fim da pandemia, mas não da Covid

Estudos sugerem que superexposição ao vírus e o desenvolvimento de drogas que ajam contra o Sars-COV-2 vão tornar a temida doença uma enfermidade comum, como outras que há anos convivem entre nós

Hospital de Badalona, na Espanha, no auge da primeira onda de contaminações da Covid-19, em 2020 (mainichi.jp/Reprodução)
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Um artigo publicado na respeitada revista científica britânica The Lancet afirma que a pandemia está perto do fim, ainda que a Covid-19 vá continuar entre nós para sempre. As informações foram extraídas de estudos e pesquisas que analisam vários aspectos da doença, mas sobretudo a velocidade de contágio das últimas variantes do Sars-COV-2.

De acordo a publicação, dados do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), dos EUA, mostram que o pico de contaminação da Ômicron em 17 de janeiro atingiu 125 milhões de pessoas no mundo e que a velocidade de contágio dessa cepa é 10 vezes maior do que a anterior, a Delta. Ainda que o número de internações tenha subido em praticamente todos os pontos do planeta, isso ocorreu devido à explosão absurda de casos, mas a proporção de quadros graves, se comparados a outros momentos da pandemia, é bem menor.

Para se ter uma ideia, a estimativa de percentual de casos assintomático nas primeiras variantes do coronavírus que provoca a Covid-19 era de 40%, enquanto na Ômicron os contaminados que não apresentam qualquer sintoma representam até 90%. Para esses estudiosos, é inequívoco que a letalidade da doença está diminuindo muito. Os dados que respaldam essa análise são do Office for National Statistics (ONS) do Reino Unido e do University of Washington Medical Center, de Seattle, nos EUA.

A análise das variáveis aponta ainda para a possibilidade de surgimento de outras variantes, até mesmo de potencial mais agressivo, mas, segundo os cientistas, a superexposição ao Sars-COV-2, somada aos conhecimentos já existentes de como evitar uma onda de contágios e o desenvolvimento de drogas antirretrovirais a serem utilizadas no tratamento dos doentes pode tornar em pouco tempo a Covid-19 uma doença comum, como tantas outras que circulam na humanidade.

A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia divulgado informação semelhante. Michael Ryan, diretor-executivo do programa de emergências da entidade, disse na terça-feira (18) que é possível acabar com a pandemia de Covid-19 ainda em 2022. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, havia sinalizado em mensagem de ano novo que o esforço coletivo poderia encerrar a crise sanitária global.

“Não vamos acabar com o vírus este ano, nunca vamos acabar com o vírus – o que podemos acabar é a emergência de saúde pública”, disse Ryan durante conferência virtual do Fórum Econômico Mundial de Davos. Para o diretor da OMS, acabar com essa situação de emergência representa o fim da pandemia.

Por fim, o autor do artigo da The Lancet diz que o mais correto a se afirmar é que "a pandemia está perto do fim", mas "a Covid-19 não".