O deputado francês Stéphane Claireaux, do partido A República em Marcha, o mesmo do presidente Emmanuel Macron, foi atacado por uma multidão de negacionistas antivacina na porta de sua casa no último sábado (8).
Claireaux, que mora e representa o pequeno território francês de ultramar Saint Pierre-et-Miquelon, localizado nas frias águas do Atlântico próximo à costa do Canadá, contou que estava em sua residência quando ouviu uma gritaria vinda de uma pequena multidão do lado de fora do seu quintal. Ao sair para ver do que se tratava, o parlamentar foi atingido por muita lama e algas, enquanto tentava dialogar com os agressores.
Apoiador da ideia do passaporte sanitário, um documento que comprove a vacinação dos cidadãos franceses para que eles possam ter acesso livre às atividades do dia a dia, Claireaux revelou à agência Reuters que vem sendo ameaçado por membros de grupos antivacina e que no dia dessas agressões, após as cenas mostradas num dos vídeos que circulam pela internet, um homem arrancou sua máscara e gritou de forma intimidatória contra ele dizendo que "o vírus não existe".
À France Info, o deputado assegurou que acionará judicialmente os envolvidos na covarde agressão, que ele classificou como um apedrejamento.
"Obviamente eu vou entrar com uma ação na Justiça. Estamos todos recebendo ameaças de morte por correio, em algum momento isso tem que parar", disse.
O ato de protesto violento organizado pelos antivacina ocorreu pouco tempo depois de uma declaração do próprio Macron, que disse estar no intuito de "irritar" os negacionistas. O verbo usado por ele, "emmender", também pode ser traduzido e entendido como um palavrão, a depender do contexto.
"Eu não quero irritar os franceses. Reclamo o dia todo quando o governo os atrapalha. Mas os não vacinados, esses eu tenho muita vontade de irritar", falou o chefe de Estado francês durante uma entrevista ao diário Le Parisien.
Macron considera o posicionamento antivacina uma "enorme falha moral" e não poupou palavras pouco amigáveis aos obscurantistas.
"Eles estão minando a solidez de uma nação. Quando minha liberdade ameaça a dos outros, eu me torno um irresponsável. Um irresponsável não é mais um cidadão", concluiu.