Com uma diferença de 1,6% do total de votos ante o partido de Angela Merkel (CDU), o SPD (Social-Democratas) dará início nesta semana as negociações com os partidos Verde e Liberal para formar um novo governo.
E quem deve tomar a dianteira das conversas para formar o novo governo é o líder social-democrata Olaf Scholz, atual ministro das Finanças do governo Merkel, e rosto do SPD nas eleições.
Os sociais-democratas fazem parte da chamada "grande coalizão", que deu sustentação ao último mandato de Merkel, que deixa o poder após 16 anos.
"Scholzomat"
Considerado "extremamente pragmático", Olaf Scholz, provável novo chanceler da Alemanha, também é conhecido pelo apelido de "Scholzomat", uma piada com seu sobrenome e a palavra "automat" (autômato/robô), dando a ideia de que o político parece mais uma máquina do que um ser humano.
O líder social-democrata tem 63 anos e é membro do SPD desde 1975. Foi eleito ao Bundestag (o parlamento alemão) pela primeira vez em 1998.
Na juventude, Scholz militava no setor mais à esquerda do SPD, porém, ao longo de sua vida, se tornou mais moderado.
Formado em direito, o líder social-democrata é advogado especializado em leis trabalhistas, já foi ministro do Trabalho e prefeito de Hamburgo.
Continuidade, só que diferente
A chegada do SPD em primeiro lugar foi uma virada de última hora na eleição alemã, pois, o seu candidato, Olaf Scholz, até meados de agosto, seguia em terceiro lugar atrás da CDU e dos Verdes.
Porém, com o seu discurso de que seria a "estabilidade" e "continuidade" ao governo Merkel, mas, com as características da social-democracia (Estado mais presente) e com uma promessa de valorização do salário mínimo, Scholz subiu e terminou em primeiro lugar.
O fim da austeridade?
Inicialmente, Olaf Scholz não era o nome do SPD para representar o partido nas eleições, pois, por conta de suas posições "excessivamente centristas", o seu nome havia sido preterido pela legenda em 2019.
Porém, com a sua condução econômica frente à pandemia e o rompimento com a austeridade fiscal, o alçaram para representar o SPD.
Além disso, duas plataformas defendidas por Olaf Scholz fizeram com que o político resgatasse a confiança do SPD: aumento do salário mínimo e contrário à redução do imposto sobre grandes fortunas, plataforma defendida pelos Liberais.
Pragmatismo e coalizão
O perfil pragmático de Olaf Scholz pode lhe ser útil na construção da nova coalizão a governar a Alemanha.
De acordo com a imprensa alemã, está provavelmente descartada a continuidade da "grande coalizão", mas, para isso o líder do PSD terá que convencer os Verdes e comporem um governo junto com os Liberais.
A missão não é fácil, pois, os Verdes possuem uma agenda mais à esquerda e querem que o novo governo dê início à transição energética na Alemanha.
Por sua vez, os Liberais defendem um Estado mais enxuto, políticas de austeridade e fim da taxação das grandes fortunas.
Todavia, Olaf Scholz já se mostrou disposto a conversar com os Liberais e Os Verdes, mas descartou qualquer conversa com o AfD (extrema direita) e o Die Linke (A Esquerda).
O entrave da agenda econômica deve fazer com que as reuniões levem meses e que Merkel continue como chanceler até o fim do ano.
Por fim, se o líder social-democrata for bem-sucedido em suas negociações e conseguir juntar os Verdes e os Liberais, terá para si um governo com 416 cadeiras no Bundestag.