O Congresso do Peru aprovou nesta sexta-feira (27) o gabinete ministerial do presidente Pedro Castillo, do Peru Livre. O "voto de confiança", mecanismo mandatório para a atuação do governo, foi conquistado com folga. O resultado representa uma importante vitória para o presidente, que busca conseguir governar.
A votação terminou com 73 votos a favor do gabinete comandado pelo polêmico premiê Guido Bellido, do Peru Livre, e 50 votos contrários.
Os partidos Peru Livre, Ação Popular (AP), Aliança para o Progresso (APP), Juntos Pelo Peru (JPP), Somos Peru (SP) e Podemos Peru (PP) votaram majoritariamente a favor do governo. Força Popular - de Keiko Fujimori -, Avança País, Renovação Popular e Partido Morado foram contrários. Castillo conseguiu mobilizar as forças de centro (APP, APP, SP e PP) a seu favor.
"O voto de confiança que nós da APP demos é um voto pela democracia, pela estabilidade política e económica do país e pela governabilidade", afirmou Eduardo Salhuana, líder do Aliança para o Progresso.
Castillo celebrou o resultado obtido no plenário do Congresso do Peru. "Agradeço ao Plenário do Congresso por conceder o voto de confiança. A busca de consensos nos permitirá governar junto com o povo e para o desenvolvimento de políticas públicas de caráter social. Como Governo do Bicentenário, chegaremos a todos os cantos do Peru", disse no Twitter.
No discurso em que pediu o voto de confiança, o Bellido disse que os objetivos imediatos do governo são derrotar a pandemia da Covid-19 e reativar a economia. O discurso teve um tom mais moderado que o usual para conseguir máxima adesão dos congressistas, mas teve ausências importantes, como questão ambiental e direitos de pessoas LGBTQIAP+.
Tensões no Peru
A aprovação do gabinete estava cercada de muitas dúvidas. Congressistas da direita, inclusive, se articulavam para pedir a vacância do presidente que recém assumiu. Apoiadores de Keiko Fujimori, que foi derrotada por Castillo nas eleições, queimaram objetos em frente ao Congresso para pressionar contra o voto de confiança.
A direita peruana tenta gerar instabilidade e busca instigar os militares contra o governo. O intelectual marxista Héctor Béjar, ministro das Relações Exterior indicado inicialmente por Castillo, não aguentou as pressões da Marinha por conta de uma declaração antiga e se tornou a primeira baixa do governo.
O Grupo de Puebla, organização formada por ex-presidentes e lideranças progressistas da América Latina, divulgou nota na terça-feira (24) denunciando o golpismo.
O gabinete
O gabinete de Castillo, comandado por Bellido, conta com representantes do Peru Livre, do Juntos Pelo Peru, da Frente Ampla de Esquerda e outras figuras de destaque. Entre os ministros destacados estão o da Justiça, Aníbal Torres, e o da Educação, Juan Cadillo.
Com informações do La Republica, do Ojo Público e da Wayka