O Ministério Público da Argentina iniciou oficialmente investigações contra o ex-presidente Mauricio Macri em razão de denúncia feita pelo governo Alberto Fernández sobre a participação do liberal no golpe da Bolívia. Correspondências entre as Forças Armadas bolivianas e a Embaixada da Argentina em La Paz mostram o contrabando de armas e munições promovido por Macri.
O procurador Claudio Navas Rial aceitou denúncia feita pelo governo e instaurou investigação contra o ex-presidente por "contrabando agravado". Junto a ele, foram denunciados o embaixador Normando Álvarez García e dois ex-ministros, Patricia Bullrich (Segurança) e Oscar Aguad (Defesa). Ainda houve a abertura de investigação contra alguns militares.
A Casa Rosada denunciou Macri e seus funcionários na última terça-feira (13) por enviar, ao menos, 70.000 balas anti-tumulto. Segundo o governo o objetivo era "colocar esse material repressivo a disposição da ditadura que recém havia tomado o poder, com Jeanine Áñez”. Áñez assumiu após uma insurreição policial, militar e miliciana derrubar o presidente Evo Morales.
A participação de Macri no golpe da Bolívia veio à tona após revelação de carta do comandante da Força Aérea Boliviana (FAB), Jorge Terceros Lara, agradecendo ao embaixador argentino pelo envio de munição. A revelação fez o presidente da Argentina, Alberto Fernández, pedir desculpas formais ao presidente Luis Arce, eleito em 2020 pelo MAS.
Navas Rial ainda solicitou mais informações aos governo da Bolívia e da Argentina.
Plano Condor na Bolívia
O ex-presidente boliviano Evo Morales se manifestou no último sábado sobre o caso, alertando para um novo Plano Condor. “O envio de material de guerra dos ex-presidentes do Equador, [Lenín] Moreno, e da Argentina, [Mauricio] Macri, as cartas de agradecimento do General Terceros são outras provas do golpe que, com o assassinato no Haiti, por ex-militares colombianos, evidenciou a execução do Plano Condor 2 sob a direção dos EUA”, declarou.