O governo de Cuba concluiu, nesta quarta-feira (26), a terceira e última fase de testes clínicos da Soberana 02, potencial vacina contra a Covid-19 que vem sendo desenvolvida pelo país socialista. Agora, esses testes serão submetidos a estudos que mostrarão se imunizante é, de fato, eficaz e seguro contra a doença do coronavírus e, uma vez havendo essa comprovação, a vacina pode ser liberada para aplicação em massa em Cuba e também em outros países, a depender das agências reguladoras locais.
Além da Soberana 02, Cuba vem desenvolvendo outra vacina contra a Covid, a Abdala, cuja fase de testes clínicos foi concluída no início de maio.
Na última fase de testes da Soberana, 44.010 voluntários com idades entre 19 e 80 anos receberam o imunizante experimental e placebo. A vacina combina o antígeno do vírus e o toxoide do tétano, e também utiliza hidróxido de alumínio para estimular a resposta do sistema imunológico.
Segundo Meiby Rodríguez, diretor de pesquisa do Instituto Finlay de Vacinas (IFV), órgão do estado cubano, os voluntários agora serão monitorados para que sejam detectadas possíveis infecções, reações e "para avaliar a eficácia variável, que é fundamental para o registro da vacina".
O IFV garante que os resultados preliminares das fases de testes anteriores são positivos. De acordo com o órgão, 76% dos voluntários aumentaram a concentração de anticorpos contra o coronavírus após terem recebido duas doses da Soberana 02, sendo que esse índice subiu para 90% entre aqueles que receberam uma dose adicional, chamada de Soberana Plus.
Interesse da prefeitura de Belém e São Paulo
O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL), esteve em Brasília no início de maio para uma reunião com o embaixador de Cuba, Rolando Antonio Gómes Gonzáles, em que discutiu o interesse de sua cidade em adquirir as vacinas contra a Covid-19 que a ilha socialista vem desenvolvendo.
Segundo apurado pela Fórum junto à equipe do prefeito de Belém que acompanhou a reunião, a expectativa dos cubanos é aprovar as vacinas definitivamente em seu país entre junho e julho e que os imunizantes sejam submetidos a aprovação de agências de outros países, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em meados de setembro. Ou seja, trata-se de um plano a médio prazo para o Brasil.
Edmilson Rodrigues é vice presidente do Consórcio Nacional de Vacinas das Cidades Brasileiras (Conectar), que já tem tratativas para a aquisição da vacina russa Sputnik V, que ainda não foi aprovada pela Anvisa. A ideia é que a aquisição das vacinas cubanas, se aprovadas, seja feita também através do consórcio para que outras cidades além de Belém possam se beneficiar dos imunizantes.
A prefeitura de São Paulo, segundo a secretária de Relações Internacionais, Marta Suplicy, também está interessada nas vacinas de Cuba e vem realizando conversas com representantes da ilha.