O jornal britânico The Guardian publicou uma reportagem bomba nesta terça-feira (9) revelando que a rainha Elizabeth teria atuado para sabotar a aprovação de um projeto de lei cujo objetivo era transparentar o patrimônio da Coroa Britânica.
O caso teria acontecido no ano de 1973. A reportagem do diário londrino, respaldada em documentos dos Arquivos Nacionais do Reino Unido, conta que a monarca tomou conhecimento do projeto após uma reunião em 7 de fevereiro que em 1973.
A matéria relata que Elizabeth II teria considerado essa iniciativa legislativa como uma ameaça e acionou seu advogado para pressionar os ministros a mudar a lei, se aproveitando de uma prerrogativa que permite a ela tomar conhecimento dos projetos antes de eles serem discutidos no parlamento.
“Os documentos descobertos nos Arquivos Nacionais sugerem que o processo de consentimento, que dá à Rainha e seus advogados uma visão antecipada de projetos de lei, permitiu que ela fizesse lobby secretamente por mudanças legislativas”, afirma o The Guardian.
O jornal também entrevistou o jurista Thomas Adams, especialista em direito constitucional da Universidade de Oxford, que revisou os documentos e disse que eles revelaram “o tipo de influência sobre a legislação com que os lobistas apenas sonhariam”.
O acadêmico também considera que “a mera existência do procedimento de consentimento é mostrada nos documentos como uma forma de dar à monarca uma influência importante sobre projetos de lei que poderiam afetá-la”.
O lobby da Coroa, segundo a reportagem, teria produzido um grande acordo com setores políticos para impor várias restrições ao projeto. A lei que terminou sendo aprovada continha cláusulas que diziam, por exemplo, que ela não seria aplicada a empresas utilizadas por “chefes de estado” (no caso, membros da família real).
Também segundo o The Guardian, a riqueza privada de Elizabeth II nunca foi oficialmente divulgada, mas é estimada em centenas de milhões de libras.
A grande repercussão da reportagem no Reino Unido levou o Palácio de Buckingham a emitir um comunicado ainda nesta terça, declarando que “as informações sobre as tentativas de bloquear ou alterar a lei são simplesmente incorretas”.
“O consentimento da rainha é um processo parlamentar, com um papel meramente formal do soberano. O consentimento é sempre concedido pelo monarca quando solicitado pelo governo. Qualquer alegação de que o soberano bloqueou a legislação é simplesmente incorreta”, diz a nota.