O presidente Jair Bolsonaro (PL) ficou irritado com o encontro que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá com o presidente da Argentina Alberto Fernández e a vice-presidente Cristina Kirchner nos próximos dias. Por conta disso, resolveu transformar em virtual a cúpula do Mercosul, que seria realizada presencialmente em Brasília na sexta-feira que vem.
Interlocutores do Itamaraty avisaram que o motivo seria o avanço da nova variante ômicron, considerada "de preocupação", pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Os demais países do bloco já teriam sido notificados da mudança.
Esta seria a primeira vez em que o presidente brasileiro teria uma reunião de trabalho com o colega argentino.
Bolsonaro cauteloso
A cautela inesperada de Bolsonaro e seu governo, no entanto, não foi engolida por ninguém. O presidente pretende mesmo é tirar a visibilidade do evento.
Os dois têm relação difícil desde que Fernández foi eleito. Bolsonaro era próximo do ex-líder Maurício Macri e chegou a dizer que os argentinos escolheram mal ao eleger seu sucessor.
Mas, recentemente, vinha dando sinais de melhora, ou ao menos trégua.
Lula, por sua vez, embarca na noite desta quinta-feira para Buenos Aires e fica até segunda-feira. Por lá, ele terá reuniões com sindicalistas e, possivelmente, também com políticos uruguaios.
Lula na Argentina
Lula receberá nesta sexta-feira (10) o Premio Azucena Villaflor, entregue pelo governo da Argentina aos defensoras e defensores dos Direitos Humanos. Lula também será homenageado pela sua luta contra o lawfare – abuso da Justiça para alcançar fins políticos e ilegítimos. A cerimônia será dirigida por Alberto Fernández, com quem Lula se reúne na Casa Rosada e inicia sua agenda oficial de visita à Argentina.
Na sexta-feira, Lula também participará, ao lado de Fernández e de Cristina Kirchner, de ato cultural, na Plaza de Mayo, em comemoração aos 38 anos de democracia na Argentina e ao Dia dos Direitos Humanos
Já no sábado, o ex-presidente terá encontro com dirigentes sindicais argentinos, CGT (Confederação Geral do Trabalho) e CTA (Central de Trabalhadores Argentinos) e participará de ato em homenagem a ele e ao movimento sindical.
Premio Azucena Villaflor
O prêmio anual Azucena Villaflor foi instituído em 2003 pelo ex-presidente Néstor Kirchner com o objetivo de reconhecer cidadãos ou entidades de destaque por sua carreira cívica em defesa dos direitos humanos. O prêmio tem o nome de uma das fundadoras do movimento das Madres de Plaza de Mayo e, também, uma das vítimas do terrorismo de Estado durante a ditadura cívico-militar na Argentina.
Com informações de Lula.com, da coluna de Lauro Jardim e da Folha