Hospitais sul-africanos vêm recebendo para internações uma quantidade cada vez maior de crianças, jovens e adultos não imunizados contra a Covid-19. As estatísticas são parciais e carecem de sequenciamento genômico para confirmar se são casos provocados pela variante Ômicron, mas em linhas gerais, já que a cepa é predominante no país, é possível relacionar esse novo perfil de paciente com a ofensiva atual da mutação que assusta o mundo e provoca mais de 8 mil notificações diárias na nação de Nelson Mandela. As informações são do diário espanhol El País.
O maior e mais estruturado hospital da África do Sul, o Chris Hani Baragwanath, que fica em Johanesburgo, alertou a imprensa, a população e as autoridades sanitárias que vem recebendo cada vez mais casos de crianças, jovens e pessoas não vacinadas com menos de 30 anos para suporte de oxigênio, por conta da Síndrome Respiratória Aguda Grave provocada pelo Sars-Cov-2, ainda que não especifique se são casos de internação em UTI.
A responsável pelas Unidades de Terapia Intensivas do hospital, a médica Rude Mathivha, explicou ao jornal com sede em Madri que há muitos registros de adolescentes e crianças, algumas até menores de cinco anos, geralmente não imunizados, que dão entrada no local em condições mais graves. A profissional citou especificamente o caso de um rapaz de 17 anos que está em estado crítico na UTI do Chris Hani Baragwanath, e de 21 grávidas em situações muito complicadas, diferentes daquelas que se infectaram em outros momentos da pandemia.
O governo sul-africano está promovendo uma campanha de forte incentivo à vacinação de adolescentes até 12 anos, assim como da população em geral. No entanto, uma coisa chama a atenção nessas novas contaminações provavelmente provocadas pela variante Ômicron: 60% dos novos diagnósticos são em pessoas abaixo dos 30 anos, incluindo muitas crianças, e na maior parte das vezes nos não imunizados.
“Não vivemos esta situação antes. Não sabemos se os que estão sendo internados são ômicron, porque é preciso fazer um sequenciamento do genoma para verificar, mas a maioria não recebeu a vacina, ou só uma das doses”, disse Mathivha, que chefia as UTIs.
No país, que fica no extremo sul do continente africano, 74% de todas as amostras sequenciadas são da nova cepa, o que permite concluir que a maioria dos casos atuais é provocada pela Ômicron. O Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis da África do Sul (da sigla em inglês NICD, National Institute for Communicable Diseases) informou que houve 552 internações apenas nos três primeiros dias desta semana no país e que os dados mostram um inequívoco aumento se comparados às semanas anteriores, ainda que a sanitarista Waasila Jassat, do NICD, explique que internações infantis possam aumentar esses números, mesmo que muitas vezes não sejam casos graves, já que segundo ela os pais têm uma precaução maior
“É mais provável que internem as crianças como precaução, porque se as tratarem em casa algo pode sair mal”, explicou a sanitarista.
Médicos e profissionais de Saúde
Houve também uma explosão de casos de contaminação entre médicos e outros profissionais de Saúde na África do Sul, só que um detalhe muito importante tem levado a crer que a imunização é fator determinante para a redução das ocorrências graves da Covid-19: a vacinação desse segmento.
Vacinados praticamente em 100%, os profissionais que atuam nos hospitais sul-africanos têm apresentado sintomas leves, ou até muitas vezes evoluem para um quadro assintomático. O único problemas, segundo as autoridades de Saúde locais, é que por conta do contágio eles precisam ficar em casa, afastados do trabalho, o gera sobrecarrega no setor.