A polícia da Alemanha prendeu na manhã desta quarta-feira (15) um grupo antivacina de extrema direita formado por cinco homens e uma mulher que pretendia assassinar o governador do estado da Saxônia, Michael Kretschmer, num atentado a tiros e flechadas.
Os radicais negacionistas queriam matar o político por conta de suas ações em prol da imunização da população local e pelas exigências cada vez mais duras do passaporte sanitário que atesta o recebimento das doses da vacina contra a Covid-19.
A informação sobre o plano chegou ao conhecimento das autoridades alemãs após jornalistas do canal público de televisão ZDF se infiltrarem num grupo de extremistas chamado "Dresden Offlinevernetzung" (Rede Offline de Dresden) e presenciarem as tratativas e o esquema para a realização do atentado, que seria realizado com o uso de pistolas e de uma besta, espécie de arco e flecha que pode ser empunhado como uma espingarda.
Os acusados foram detidos pelos crimes de "preparar ato de violência grave" e "planejar assassinato", ainda que cinco deles tenham sido liberados após os interrogatórios, mantendo-se a prisão de apenas um dos suspeitos. Os agentes apreenderam armas de fogo e a besta que seriam utilizadas no atentado.
Kretschmer é um conservador cristão, filiado à CDU, o partido de Angela Merkel, que foi chanceler da Alemanha por 18 anos, deixando o cargo há menos de um mês.
Ameaças se proliferam
Nas últimas semanas, o número de autoridades que passaram a ser ameaçadas e intimidadas por grupos de extrema direita antivacina cresceu. Em várias cidades da Alemanha, políticos receberam pacotes pelo correio com pedaços de carne dentro, além de bilhetes que faziam menção a um gás utilizado pelos nazistas para assassinar judeus em campos de concentração durante a 2ª Guerra Mundial. Os autores dos atos intimidatórios se identificaram nas cartas como "Resistência Sangrenta" e dizem ter como principal pauta o fim da exigência de passaportes sanitários no país.
Reduto da AfD
A região da Saxônia, no leste alemão, cuja capital e maior cidade é Dresden, é um reduto eleitoral do partido ultrarreacionário Alternative für Deutschland (AfD). O empobrecido estado, se comparado a outras entidades federativas da Alemanha, deu aos radicais neonazistas da sigla 27,5% dos votos nas eleições de 2019.