Na semana em que se completam 2 anos desde que deixou a prisão em Curitiba (PR), o ex-presidente Lula (PT) inicia uma agenda internacional. O petista embarcará para a Europa, onde se encontrará com lideranças políticas do campo progressista de diferentes países, incluindo a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, e o ex-presidente do Parlamento Europeu, o social-democrata alemão Martin Schulz.
Fórum apurou que a viagem deve durar em torno de 10 dias. Lula, acompanhado do ex-chanceler Celso Amorim, passará por França, Bélgica, Alemanha e Espanha.
Alemanha
A agenda terá início na quinta-feira (11) em Berlim, capital da Alemanha, com Martin Schulz. Além de ex-presidente do Parlamento Europeu, Schulz foi líder do Partido Social-Democrata de seu país. A legenda conquistou a maior parte dos assentos do parlamento na última eleição alemã e deve emplacar Olaf Scholz como o novo chanceler no lugar de Angela Merkel.
Em março deste ano, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou o processo do triplex do Guarujá, declarou a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro e devolveu a Lula seus direitos políticos, Schulz, que já esteve com o ex-presidente em outras ocasiões, foi às redes sociais para declarar apoio ao petista em um pleito eleitoral. “Há dois anos visitei o ex-presidente brasileiro Lula em Curitiba – em sua cela de prisão. O Supremo Tribunal Federal deu-lhe ontem de volta todos os seus direitos políticos e ele deve concorrer às eleições de 2022! Terá o meu apoio”, escreveu à época.
França, Bélgica e Espanha
A agenda de Lula na Europa seguirá com a participação do petista em um debate no Parlamento Europeu, na Bélgica, e reuniões com lideranças progressistas.
Depois, o ex-presidente vai à França, onde será o principal conferencista em um evento do Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po). A conferência acontece dez anos depois de Lula ter sido o primeiro líder latino-americano a receber o título de Doutor Honoris Causa da instituição, uma das mais respeitadas do mundo.
Ainda em solo francês, o ex-metalúrgico será agraciado com o prêmio Coragem Política 2021, concedido pela revista Politique Internationale, por sua gestão “marcada pelo desejo de promover a igualdade”, e se reunirá com a prefeita da capital Paris, Anne Hidalgo.
A viagem será finalizada na Espanha, outro país em que Lula terá reuniões com lideranças políticas e participará de eventos.
Lula e as articulações internacionais
Durante passagem por Brasília no início de outubro, Lula se encontrou com os embaixadores de Angola, Moçambique, Zimbábue e Botsuana.
Segundo Lula, a pauta do encontro foi a cooperação Brasil-África. “Temos uma imensa dívida com o continente africano. E sonhamos juntos em construir uma relação solidária, produtiva, educacional e científica”, escreveu o petista ao postar uma foto com os representantes diplomáticos.
Pouco antes, em setembro, o ex-presidente, logo após a vitória do Partido Social-Democrata (SPD), de centro-esquerda, nas eleições da Alemanha, se reuniu com representante de entidade política ligada à sigla alemã no Brasil.
Junto com a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), Lula esteve com Christoph Heuser, da Fundação Friedrich Ebert Brasil, cuja matriz alemã é associada ao SPD.
“Junto com Lula tive a satisfação de receber Christoph Heuser, da Fundação Friedrich Ebert, do SPD, partido q ganhou maior número de cadeiras no parlamento alemão. Parabenizamos a vitória e desejamos q o governo da social democracia seja p/ampliar o bem estar do povo!”, escreveu Gleisi ao publicar uma foto do encontro em suas redes sociais. Lula, por sua vez, compartilhou a imagem em seu perfil oficial.
Após o encontro, o PT divulgou uma carta, assinada por Lula e Gleisi, saudando a vitória dos SPD na eleição alemã. “Estamos certos de que sob a liderança do SPD, a Alemanha irá contribuir para um mundo mais equilibrado, multipolar e solidário, que reflita a geopolítica do século XXI”, diz um trecho do documento.
No início deste ano, em maio, Lula foi à Brasília e já havia se reunido com embaixadores. Entre os representantes internacionais que o ex-presidente encontrou na ocasião, estão os embaixadores da África do Sul, Alemanha, Reino Unido, Venezuela e Cuba.
Em março de 2020, apenas 4 meses após sair da prisão, o petista já havia feito uma viagem à Europa para reuniões políticas.