A eleição presidencial na Nicarágua, amplamente apontada pela comunidade internacional como ilegítima, transcorreu dentro do esperado: com baixíssimo comparecimento e sob clima de "já ganhou" do atual mandatário, o histórico líder de esquerda Daniel Ortega, que ocupa o terceiro mandato consecutivo à frente do governo de Manágua, além de uma primeira gestão, iniciada em 1979, após a Revolução Sandinista, encerrada em 1990.
No entanto, a "disputa" que certamente resultará num quinto mandato de um dos homens que conduziram a guerrilha que derrubou a ditadora da família Somoza, há 41 anos, teve contornos pouco democráticos.
Sete candidatos de oposição ao líder da Frente Sandinista de Libertação Nacional, das mais diversas orientações ideológicas, foram presos nos últimos meses, alguns inclusive antes de formalizarem a candidatura, sob acusações que vão de terrorismo, crimes contra o Estado, lavagem de dinheiro até falsidade ideológica. Houve ainda alguns outros impedidos de disputar e que foram colocados em detenção domiciliar.
Agências internacionais reportam que jornalistas nicaraguenses foram presos durante a madrugada deste domingo (7) na cidade de Masaya, próxima ao lago Cocibolca, horas antes de iniciarem a cobertura da eleição, o que gerou preocupações nos correspondentes que trabalham na pequena nação da América Central.
Uma extensa lista de candidatos foi deixada longe das cédulas usadas hoje para decidir o próximo chefe de Estado e governo do país. Cristiana Chamorro, Juan Sebastián Chamorro, Félix Maradiaga, Arturo Cruz, Miguel Mora, Medardo Mairena, Noel Vidaurre, María Fernanda Flores, Michael Healy e Álvaro Vargas são os nomes de candidatos que foram presos ou impedidos de disputar com Ortega a cadeira presidencial. Seus perfis são os mais variados, de empresário a camponês, de acadêmico a ex-primeira-dama, passando por jornalista e diplomata, de direita e de esquerda. Todos retirados da corrida.
Com relação aos adversários que foram autorizados a disputar nas urnas com Ortega, nenhum tem apoio substancial para vencer e são vistos pela maior parte dos observadores internacionais como fantoches para tentar legitimar o processo eleitoral.
Até o momento, o governo e a autoridade eleitoral da Nicarágua não divulgaram qualquer "resultado oficial" da eleição.