Uma nova variante do Sars-Cov-2, o coronavírus responsável pela Covid-19, identificada na África do Sul e batizada como B.1.1.529, é a mais recente preocupação de virologistas e outros cientistas de todo o mundo. O motivo do alerta é o fato de a cepa ter 32 mutações em sua proteína spike, justamente a parte do patógeno sobre a qual são trabalhadas as vacinas, que impedem a entrada do vírus nas células e sua multiplicação.
O virologista brasileiro Túlio de Oliveira, que é diretor do laboratório Krisp, da Escola de Medicina Nelson Mandela, vinculada à Universidade Kwa-Zulu-Natal, que fica em Durban, na África do Sul, afirmou que a variante B.1.1.529 teria, potencialmente, uma transmissibilidade muito maior que cepas anteriores e que, pelo fato de ter tantas mutações em sua proteína spike, não se sabe se as vacinas atuais contra o Sars-Cov-2 seriam capazes de detê-la.
Joe Phaahla, ministro da Saúde da África do Sul, admitiu recentemente que a aparição dessa variante é vista como uma “grande ameaça” e que ela levaria a novas restrições sérias no país caso se espalhe com rapidez. Até agora, o número oficial de casos diagnosticado com a B.1.1.529 é 22, sendo a maior parte na África do Sul, embora a variante tenha sido encontrada também num paciente de Botswana e em Hong Kong (em um homem que acabara de chegar da África do Sul).
Autoridades médicas, científicas e sanitárias sul-africanas ficaram tão alarmadas com a B.1.1.529 que solicitaram a formação de um grupo de trabalhos com os especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) para tratar do assunto. Ainda que o clima seja de preocupação, não existe uma resposta objetiva e clara se essa nova mutação seria combatida com as vacinas atualmente existentes no mercado.