O presidente da França, Emmannuel Macron, poucos dias depois de receber o ex-presidente Lula com honras de chefe de Estado, em Paris, vai condecorar o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), no dia 6 de dezembro.
A homenagem do governo francês havia sido divulgada em julho, mas somente nesta quinta-feira (25) foi anunciada a data.
O vice-presidente da CPI do Genocídio vai receber a comenda Légion d’honneur, a mais alta distinção da França e uma das condecorações mais famosas do mundo.
A solenidade, que tradicionalmente ocorre em Paris, acontecerá na embaixada francesa em Brasília, em consequência da pandemia do coronavírus.
“É muito mais do que eu mereço e mais longe do que pensei chegar. A comenda não pertence a mim, mas, sim, às milhares de famílias brasileiras que tiveram um amor retirado de suas vidas pela pandemia da Covid-19!”, postou Randolfe, um dos líderes da oposição a Jair Bolsonaro no Senado.
O governo francês justificou a iniciativa dizendo que a homenagem é um reconhecimento pela atuação do senador na CPI e por sua “defesa fervorosa” do meio ambiente e do Acordo de Paris, “como ilustra seu forte comprometimento com a luta pela preservação das reservas na Amazônia” e sua “incansável dedicação ao desenvolvimento das regiões limítrofes do Amapá e da Guiana Francesa”.
Desde 1804, a comenda já foi concedida a Fernando Henrique Cardoso, José Sarney e Juscelino Kubitschek, ex-presidentes, ao escritor Paulo Coelho, a Dom Pedro 2º e ao Marechal Rondon, entre outros brasileiros, de acordo com a coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo.
Com inveja, Bolsonaro se irrita com recepção a Lula em Paris
A iniciativa do governo francês deve irritar ainda mais Jair Bolsonaro, que já havia criticado, em absoluta manifestação de inveja, o fato de Macron ter recebido Lula com honras de chefe de Estado.
O presidente brasileiro afirmou, em entrevista à rádio Sociedade da Bahia, que viu como uma “provocação” a recepção feita por Macron a Lula.
“Parece que é uma provocação, sim. Será que o serviço de inteligência dele [Macron] não sabe quem foi o Lula aqui ao longo dos oito anos dele e mais seis de Dilma, o que foi feito no Brasil?”, questionou Bolsonaro, contrariado.
Ignorando totalmente a péssima gestão ambiental do seu governo, ele afirmou que Macron “sempre foi contra” ele por ser um concorrente em relação a exportações agrícolas. “O que interessa para alguns países do mundo é ter alguém sentado nessa cadeira que eu estou aqui simpático à política deles.”
Bolsonaro disse ainda que Macron teria “um problema” com ele e que os ataques ao Brasil são injustos. “Interessa mais a ele (Macron) ter uma pessoa passiva, corrupta como é o Lula, aliado dele, no futuro do que eu”, completou.