Adolescente branco que matou dois com fuzil em ato antirracista é absolvido nos EUA

Kile Rittenhouse tinha 17 anos, em 2020, quando atirou contra manifestantes em Kenosha. Obcecado por armas, ele chorou no julgamento e disse ter agido "em legítima defesa". Eduardo Bolsonaro clamou pela absolvição nas redes

Foto: Kyle Rittenhouse, durante seu julgamento, em Kenosha, nos EUA.
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Kyle Rittenhouse, o adolescente extremista que em 2020, aos 17 anos, ficou conhecido no mundo todo após matar duas pessoas e ferir uma terceira com tiros de fuzil na cidade de Kenosha, nos EUA, durante um protesto antirracista, foi inocentado nesta sexta-feira (19) pela Justiça de Wisconsin.

O julgamento, que durou 18 dias, absolveu o jovem obcecado por armas de todas as acusações que pesavam contra ele: duas por homicídio, uma por tentativa de homicídio e mais duas por ser imprudente com a segurança em protestos públicos. No entanto, para boa parte da imprensa e da sociedade norte-americanas, o que se viu foi na verdade uma vitória da arraigada cultura armamentista do país.

Com apenas 17 anos, Rittenhouse tornou-se o jovem branco símbolo da mentalidade pró-armas que domina boa parte da sociedade dos EUA. Sua absolvição força a lógica, já que os vários vídeos que registraram a trágica noite de 25 de agosto de 2020 não mostram alguém em perigo se defendendo, além de o fato de que o fuzil AR-15 portado por ele ser proibido no estado de Wisconsin.

Morador do estado limítrofe de Illinois, o adolescente pegou a arma, que sequer estava em seu nome nos registros de seu estado natal, e entrou numa outra unidade territorial para se intrometer nos distúrbios ocorridos em função da morte de George Floyd, o homem negro assassinado pela polícia de Mineápolis, e de Jacob Blake, morto nas mesmas circunstâncias em Kenosha.

Menor, armado, com um fuzil ilegal em Wisconsin e que não estava em seu nome, Rittenhouse atirou contra manifestantes que nitidamente nas gravações não provocavam qualquer tipo de arruaça ou quebra-quebra, e que foram para cima dele para desarmá-lo.

O julgamento também foi cercado de parcialidade e conduzido por um juiz claramente pró-armas, que proibiu a promotoria de chamar os mortos e feridos de “vítimas”, segundo o magistrado por ser uma palavra que promove “juízo de valor”, mas autorizou a defesa de Rittenhouse a chama-los de “desordeiros”, “saqueadores” e “incendiários”.

Durante seu depoimento, o atirador símbolo da direita reacionária pró-armas dos EUA chorou muito e gritava que teria agido em legítima defesa, embora não tenha dado uma explicação razoável sobre o que foi fazer armado com um fuzil em meio a uma grande manifestação que do ponto de vista ideológico era o contrário do que ele defendia. Ou seja, o provocador homicida apenas colocava-se como vítima das pessoas que ele mesmo matou e feriu sem qualquer justificativa.

Eduardo Bolsonaro torcendo pelo atirador

Em Dubai, onde participava de uma comitiva do governo pela segunda vez em menos de um mês, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) publicou nas redes sociais uma mensagem de apoio a Kyle Rittenhouse, o assassino que matou a tiros de fuzil AR-15 dois manifestantes num ato antirracista em Kenosha, no estado de Wisconsin, nos EUA, em agosto do ano passado.

Torcendo para que a decisão seja justa, logo, ele seja absolvido”, tuitou o filho “03” de Jair Bolsonaro, compartilhando uma publicação de seguidor conservador. “Hoje é dia de argumentos finais da defesa e acusação no Julgamento de Kyle Rittenhouse. 2 horas pra cada lado com 30 minutos de resposta pra cada. E aí o caso vai pra mão do júri decidir”, diz o tuite.

Apoiador do presidente Donald Trump, Kyle foi acusado por ativistas do movimento negro Black Lives Matter (BLM) de fazer parte de uma “milícia branca” chamada “Boogaloo Boys”. Em vídeos, policiais de Kenosha aparecem agradecendo o grupo pela presença no ato e distribuindo água aos homens armados.

Ele assassinou dois manifestantes nos atos promovidos nos EUA após o assassinato de Jacob Blake, o homem negro que levou cerca de 7 tiros da polícia após tentar separar uma briga no Wisconsin.