Diferentemente de Jair Bolsonaro, que ficou isolado durante sua passagem pela Europa no âmbito da reunião do G20, o ex-presidente Lula (PT) vem sendo recepcionado de forma calorosa no Velho Continente, tem feito reuniões com inúmeras lideranças políticas e, a partir desta quarta-feira (17), essa agenda vai incluir chefes de Estado.
O anúncio foi feito pelo próprio petista durante conferência, nesta terça-feira (16), no Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po), na França. O ex-mandatário terá reuniões com Emmanuel Macron, presidente francês que é desafeto de Bolsonaro, e com Pedro Sánchez, primeiro-ministro da Espanha.
Antes, na Alemanha, Lula já havia se reunido com Olaf Scholz, social-democrata que ganhou a última eleição no país e que, nos próximos meses, deve ser declarado o novo chanceler no lugar de Angela Merkel, e logo que chegou a Paris almoçou com a prefeita da cidade, Anne Hidalgo.
"Tive um encontro com o companheiro Olaf, que vai ser o futuro chanceler da Alemanha, pra discutir um pouco o futuro de um acordo entre América Latina e União Europeia. Amanhã vou encontrar o presidente Macron, e vou discutir esse mesmo assunto porque sei o papel da França e o papel do Brasil. E depois vou conversar com o primeiro-ministro da Espanha", declarou o petista no Sciences Po.
Assista.
Discurso na França
Durante discurso realizado nesta terça-feira (16) no no Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po), o ex-presidente Lula criticou o neoliberalismo, defendeu a reconstrução do Brasil, o reestabelecimento de laços do país com o mundo e pregou uma governança global democrática. Durante passagem pela Europa, Lula tem sido cortejado como um verdadeiro chefe de Estado e chegou a ser aplaudido de pé no Parlamento Europeu, na segunda-feira (16).
“Havíamos interrompido um ciclo de políticas econômicas neoliberais, de encolhimento do estado e privatização sem critério. Contrariamos poderosos interesses econômicos, financeiros e geopolíticos dentro e fora do Brasil. Foi para interromper aquele projeto de país soberano e retomar o ciclo neoliberal que mentiram ao país até levar um governo autoritário e obscurantista à presidência da República”, disse Lula.
O ex-mandatário participou da conferência ‘Qual o lugar do Brasil no mundo de amanhã?’, no marco dos dez anos do título de Doutor Honoris Causa recebido por Lula na Sciences Po.
“O processo de destruição nacional em curso no Brasil só poderia ser conduzido por um governo antidemocrático, nu país envenenado pela indústria das fake news e em que a oposição é excluída dos debates nos grandes meios de comunicação”, prosseguiu. O ex-presidente criticou duramente o ministro da Economia, Paulo Guedes, classificando-o como um “mentiroso maior que Bolsonaro”
Além de fazer uma avaliação do cenário brasileiro, Lula disse que o mundo regrediu na última década e que é preciso buscar soluções conjuntas para salvar o planeta.
“Será que teremos de esperar a próxima crise para voltar a falar sobre a necessidade de uma governança global democrática? Até quando a ganância dos ricos, o isolacionismo dos governos e o individualismo vão prevalecer sobre os interesses do planeta e da humanidade?”, questionou o ex-presidente.
Leia a íntegra do discurso aqui.