Rejeitado: Premiê italiano não aperta mão de Bolsonaro, mas o fez com outros líderes

Mario Draghi cumprimentou de forma esfuziante vários chefes de Estado e de governo, mas manteve distância de Bolsonaro e deixou transparecer mal-estar no encontro

Foto: RFI (Reprodução)
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O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, encontrou no sábado (30) o presidente Jair Bolsonaro na cerimônia de abertura do G20, que acontece em Roma, mas um detalhe chamou a atenção: ele não apertou a mão do mandatário brasileiro e manteve uma distância exagerada do chefe de estado extremista.

A atitude destoou da maneira como o político italiano recebeu outros líderes internacionais, saudados com apertos de mão esfuziantes e breves palavras, em tom cordial, com sorrisos e acenos. Draghi apertou a mão até de presidente turco, Recep Tayyip Erdongan, a quem chamou em abril de “ditador”.

Atitude cada vez mais comum em viagens no exterior, ignorar Jair Bolsonaro e evitar contato físico ou proximidade com o líder radical brasileiro tornou-se comum por parte de autoridades estrangeiras, que não gostam da ideia de ter a imagem associada a um dos governantes mais rechaçados e malvistos do mundo.

Fake news até no G20

O presidente Jair Bolsonaro não deixou por menos a sua fama internacional e, durante conversa com líderes de outros países que participam do G20, encontro que reúne as 20 maiores economias do mundo, falou diversas mentiras sobre a situação do Brasil.

Em uma roda de conversa com Recerp Erdogan, primeiro-ministro da Turquia, e o vencedor das eleições e futuro primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz, que abandonou a conversa, afirmou, ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes, e de Carlos França, Itamaraty, que a economia do Brasil está bem.

“Está tudo bem [no Brasil]. A economia está voltando bem forte. A mídia como sempre atacando. Estamos resistindo bem”, declarou Bolsonaro.

Em outro momento, é questionado sobre os grupos opositores. O presidente, aos risos, responde que “não é fácil ser chefe de Estado em qualquer lugar do mundo”.

Em seguida a Petrobras vira pauta da conversa. “A Petrobras é um problema. Mas, nós estamos quebrando monopólio, uma reação muito grande. Até pouco tempo era uma empresa de um partido político (referindo-se ao PT)”, mente Bolsonaro.

Posteriormente, os jornalistas perguntam sobre a eleição de 2022. “Eu estou bem, eu tenho um apoio popular muito grande. Temos uma boa equipe de ministros. Não aceitei indicação de ninguém, fui eu que botei todo mundo e prestigiei as Foças Armadas, 1/3 dos ministros são militares”, afirma Bolsonaro.

Protestos contra Bolsonaro

Não foi só Jair Bolsonaro que foi alvo de protestos em Roma, neste sábado (30), durante a participação brasileira na cúpula do G-20, na capital italiana. O ministro da Economia, Paulo Guedes, foi vaiado por um grupo de brasileiros quando se dirigia a um veículo.

Os manifestantes criticaram Guedes pelo fato de o ministro ser dono de uma offshore milionária em um paraíso fiscal, o que representa claro conflito de interesses.

Além disso, o ministro também foi cobrado pela inflação cada vez mais alta no Brasil.

“Paulo Guedes como é que você explica essa inflação do Brasil com mais de 10%? Como é que você explica? Pelo amor de Deus, Paulo Guedes, pede demissão. Você não tem condição moral de estar ocupando o cargo que está. Ministro da Economia com conta em offshore, isso não existe. É conflito de interesse”, gritou um manifestante, junto às vaias.