O jornalista Jamil Chade, do portal UOL, que cobre o encontro do G20, em Roma, na Itália, publicou um relato com as impressões sobre a presença de Jair Bolsonaro no evento que reúne líderes responsáveis por 80% da economia mundial. Para o correspondente, desde o primeiro minuto, o ocupante do Palácio do Planalto parecia desconfortável e totalmente deslocado.
Na antessala destinada a abrigar líderes mundiais, cercada de guarda-costas e veículos militares blindados que fazem a segurança do evento, autoridades como a alemã Angela Merkel, o francês Emmanuel Macron, o português Antônio Guterres, secretário-geral da ONU, e a holandesa Ursula van der Leyen, presidente da Comissão Europeia, tratam de assuntos de Estado, em tom característico, enquanto Jair Bolsonaro se mantém isolado e ignorado num canto.
Tentando se entrosar, pergunta a garçons e organizadores se “são todos italianos ali”. Os empregados, preocupados em manter o foco no emprego, apenas fazem um sinal com a cabeça. As investidas inconvenientes e desconexas seguem e se amplificam. Bolsonaro, agora em tom mais alto, faz piada com a distante final da Copa de 70, entre Brasil e Itália. Ninguém entende e o radical de extrema direita segue em seu isolamento.
Chade relata ainda que, com a aproximação de um guarda-costas da conferência, presumivelmente um agente de segurança do governo italiano, Bolsonaro olha para o homem, trajado de terno e com o semblante sem expressão típico, e diz: “máfia”.
Um vexame. Quem conhece a história e as mazelas italianas das últimas décadas sabe que o crime organizado é uma das chagas do país, onde quadrilhas altamente sofisticadas operam em vários ramos, sobretudo no tráfico de drogas, colocando a nação peninsular na desconfortável posição de uma das principais portas de entrada de entorpecentes da comunidade europeia.
A comitiva brasileira, formada por ministros e diplomatas, resolve agir. Saem com chefe de Estado brasileiro em busca de interlocutores. Um dos abordados, como já noticiado, é Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia. A conversa entre os dois é recheada de mentiras por parte de Bolsonaro, que falou sobre a “forte recuperação econômica brasileira” e a “alta popularidade”, num país em que 58% da população consideram seu governo ruim ou péssimo.
Numa síntese, o jornalista do UOL afirma que nas cimeiras internacionais onde Bolsonaro está presente nos últimos três anos, apenas seus ministros o cercam, enquanto líderes mundiais o ignoram totalmente.