Rafael Correa acusa governo do Equador de querer adiar eleições para impedir vitória do seu candidato

O economista Andrés Arauz, representante do correísmo, lidera quase todas as pesquisas e aparece com chances de ser eleito já no primeiro turno, que acontecerá no dia 7 de fevereiro

O ex-presidente Rafael Correa - Foto: Divulgação/Presidência do EquadorCréditos: Unasur
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Se nada mudar nas próximas horas, pode-se dizer que faltam apenas 9 dias para o primeiro turno das eleições presidenciais no Equador, onde as pesquisas indicam que o favorito é economista Andrés Arauz, candidato apoiado pelo ex-presidente Rafael Correa.

A notícia, entretanto, é que o próprio Correa levanta dúvidas sobre se falta tão pouco para o pleito. Segundo o ex-mandatário, o governo do seu sucessor, Lenín Moreno, pretende adiar a votação, originalmente marcada para o dia 7 de fevereiro.

Efetivamente, algumas autoridades equatorianas – como a presidenta do CNE (Conselho Nacional Eleitoral do Equador), Diana Atamaint – têm declarado nos últimos dias certa preocupação com a realização das eleições em meio à segunda onda da pandemia de covid-19 (infecção causada pelo coronavírus SARS-CoV-2) no país, discurso que é apoiado pela imprensa hegemônica equatoriana, que defende abertamente essa medida.

Porém, Correa assegura que a verdadeira razão para esse possível adiamento é a possibilidade de que o candidato Andrés Arauz, que lidera quase todas as pesquisas de opinião, seja eleito já no primeiro turno.

“Toda a classe política que foi cúmplice do governo (de Lenín Moreno), dos meios de comunicação, dos grupos de poder, todos querem nos impedir de regressar ao poder (…) eles sabem que somos a única opção que realmente representa a grande maioria”, declarou o ex-presidente.

Arauz é um economista de 35 anos, que foi ministro do Planejamento durante o terceiro e último mandato de Rafael Correa. Inicialmente, a candidatura trazia o próprio ex-presidente como candidato a vice, reproduzindo a estratégia que deu certo na Argentina em 2019, com Alberto Fernández, ex-ministro de Cristina Kirchner, liderando uma chapa com sua ex-chefa como vice. Porém, a justiça eleitoral proibiu essa opção, e Correa acabou substituído pelo jornalista Carlos Rabascall.

Entre as 11 pesquisas de opinião publicadas em janeiro, Arauz aparece liderando em 10. Na mais recente, realizada pela consultora Maluk, ele aparece com 39,2% das intenções de voto, e uma vantagem de 17 pontos para o banqueiro neoliberal Guillermo Lasso, que tem 21,8%.

Assim como na Bolívia, as eleições para cargos executivos no Equador podem ser decididas no primeiro turno, caso o candidato mais votado tenha mais de 40% dos votos e uma vantagem de mais de 10% sobre o adversário mais próximo.

Portanto, a partir do cenário mostrado nesta última pesquisa, Arauz precisaria de mais 0,8% para ser eleito sem a necessidade de um segundo turno com Lasso.