"Possibilidade de fraude eleitoral no Equador é muito real", avalia Amauri Chamorro

O país vai às urnas em 7 de fevereiro para eleger o sucessor de Lenín Moreno, ex-correísta que traiu a Revolução Cidadã; o favorito é Andrés Arauz, apoiado por Rafael Correa

Reprodução/Instagram/@ecuarauz
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Pouco mais de duas semanas para as eleições presidenciais do Equador, a disputa segue com o candidato apoiado pelo ex-presidente Rafael Correa como o favorito. O jovem economista Andrés Arauz, de 35 anos, desponta na corrida e pode vencer em primeiro turno.

A vantagem, no entanto, ainda não é garantia de vitória, segundo o analista e consultor internacional Amauri Chamorro, que concedeu entrevista ao programa Fórum América Latina da última segunda-feira (18).

A aposta é que haja alguma manobra na apuração que impeça a soberania da vontade popular. A candidatura já enfrentou diversos percalços e nada garante que não vai se deparar com novas "surpresas".

Antes de garantir a chapa Arauz e Carlos Rabascall pela Lista 1-5 - União Pela Esperança (Centro Democrático e Força Compromisso Social), o movimento da Revolução Cidadã (correísta) perdeu seu partido original (Aliança País) para o presidente Lenín Moreno (ex-aliado), foi impedido pelo Poder Eleitoral de criar uma nova legenda, foi forçado a migrar para o Compromisso Social, assistiu à inabilitação dessa legenda e teve que se apegar ao ex-aliado Centro Democrático como única forma de concorrer às eleições.

O ex-presidente Rafael Correa, inclusive, foi impedido de se candidatar como vice de Arauz. Ele é acusado de exercer “influência psíquica para gerar uma rede de corrupção”.

Em entrevista concedida à Fórum em julho de 2020, a governador Paola Pabón, de Pichincha - província onde se localiza a capital Quito -, contou a saga dos partidários da Revolução Cidadã. Confira aqui.

Direto de Guayaquil, Chamorro comentou sobre a situação da corrida eleitoral. Para ele, há risco de fraude, como já apontaram Arauz e Correa.

"A possibilidade de fraude eleitoral é muito real. Há uma certos setores militares que são contrários à Revolução Cidadã e a orientação é não permitir que Arauz ganhe", declarou.

"Esses mesmo setores do Exército que são opositores à Revolução Cidadã são os mesmos que cuidam do voto. O voto aqui não é eletrônico, é em papel. É mais fácil manipular o voto. O voto em branco pode ser transformado em um voto. Além da possível modificação das atas", disse ainda.

Segundo Chamorro, o Poder Eleitoral tem colocado diversos obstáculos à candidatura de Arauz com o objetivo de distrair a campanha, que segundo ele é a grande favorita para vencer no pleito de 7 de fevereiro.

O analista ainda descartou a possibilidade de Andrés Arauz vir a ser um "novo Lenín Moreno". O atual mandatário foi vice-presidente de Correa, se elegeu através do Aliança País e aderiu a uma agenda completamente antagônica após assumir o poder.

Para Chamorro, Moreno é um "infiltrado da Embaixada dos Estados Unidos", enquanto Arauz possui "uma legitimidade política, atua em uma via progressista" e é "muito de esquerda".

Confira o Fórum América Latina da última segunda-feira na íntegra:

https://www.youtube.com/watch?v=KwnbgmnhVFw