Começou, nesta semana, a campanha na televisão para o plebiscito constitucional, que poderia levar o país a iniciar o processo de criação de uma nova constituição. E começou com polêmica, já que a campanha que defende o “rechaço” à nova constituição baseou a maioria dos seus vídeos em um grupo chamado “Evangélico pelo Rechaço”, que é contra o novo processo constitucional.
Porém, o surgimento desse grupo causou certa controvérsia, porque os vídeos davam a entender que toda a comunidade evangélica do país seria contra uma possível nova constituição. Por isso, nesta mesma semana, em questão de dias e graças à mobilização nas redes sociais, surgiu um novo grupo, com nome invertido: “Evangélicos pelo Aprovo”.
Os “Evangélicos pelo Aprovo” afirmam que sua missão não é só defender a opção de uma nova constituição, mas sobretudo “mostrar que nem todos os evangélicos defendem esse discurso violento e de ódio contra o processo constitucional”, segundo palavras da porta-voz Alejandra Acevedo, em matéria do El Desconcierto.
Alejandra critica o fato de que as pessoas que aparecem na campanha televisiva contra a nova constituição “utilizam citações bíblicas descontextualizadas, em verdadeiras blasfêmias, para defender ideias absurdas, como que ‘o fim da atual constituição (imposta pelo ditador Augusto Pinochet, em 1980) seria uma ameaça à liberdade religiosa’, ou que quem votar pelo ‘aprovo’ iria para o inferno, coisas simplesmente ridículas”.
A líder dos “Evangélicos Pelo Aprovo” também condenou que “a direita esteja usando a religião para seus interesses políticos de forma inescrupulosa”.
“Estamos atentos a todos esses discursos violentos, inclusive contra nós, os evangélicos que não concordam com eles, e pretendemos denunciar isso à CNTV”, completou a porta-voz. O CNTV é o Conselho Nacional de Televisão do Chile, órgão responsável por regular os conteúdos veiculados na televisão, e punir possíveis infrações.
O plebiscito sobre a nova constituição do Chile acontecerá no dia 25 de outubro. Segundo a pesquisa mais recente, divulgada no dia 24 de setembro, cerca de 66% dos eleitores estaria a favor do “Aprovo”, que significa o fim da constituição da ditadura (ainda vigente) e início de um processo constitucional. A opção “Rechaço” conta com 15% de apoio.