A Coréia do Norte começou a publicar uma série de vídeos no Youtube, protagonizados por jovens vlogueiros do país, como uma forma de combater as críticas da imprensa e comunidade internacional, a respeito de seu regime fechado.
Os vídeos postados no canal chamado “The echo of truth” (O eco da verdade) ganharam popularidade através dos curtas protagonizados por Un A, uma jovem norte coreana que leva os internautas para uma espécie de tour virtual na Coréia do Norte. Nas jornadas, a youtuber conta um pouco sobre o seu dia a dia em Pyongyang: desde rotinas esportivas, que segundo a ela seriam muito importantes para os jovens do país, até compras em lojas de departamento.
"Hoje vou mostrar a vocês o que os coreanos fazem em seu tempo livre, ok? Diria que a maneira mais popular de passar o tempo para nós é praticando esportes ... como basquete, vôlei, tênis de mesa", conta Un A em um dos vlogs.
De acordo com especialistas, essa pode ser uma tentativa inédita do governo norte coreano para combater a imagem anti-Coréia imposta pelos adversários políticos de Kim Jong-Un. Apresentando um estilo mais jovem, com músicas divertidas e edições criativas, ainda não se tem certeza de quem seja o responsável por trás dos vídeos publicados no Youtube.
“(O vídeo) faz com que as pessoas comecem a pensar de maneira diferente sobre a Coreia do Norte, para além das ogivas nucleares", conta Colin Zwirko, da NK News, site de notícias em inglês sobre a Coreia do Norte sediado em Seul, na Coreia do Sul.
Segundo a Colin, o intento em se aproximar do público mais jovem da internet não está distante das propagandas antigas em prol do regime norte coreano que o mundo vê desde muito tempo.
“Eles estão tentando alcançar uma audiência jovem no Twitter e no YouTube e mostrar a eles quão moderna a Coreia do Norte é, mas ainda com propaganda pesada", conta.
A professora-associada de Antropologia Cultural e Social da Sophia University, no Japão, Sandra Fahy, conta que esse intento da Coréia do Norte não é novo, como muitos pensam. Esses vídeos começaram a surgir em 2014, quando a ONU publicou um relatório acerca das violações aos direitos humanos cometidos no país de Kim Jong-Un. A recomendação da estudiosa especializada na cultura norte coreana é de cautela com relação aos conteúdos publicados pelo canal:
“Por exemplo, se você observar as imagens das pessoas ao fundo, há mais adultos (do que crianças). Todos têm a mesma idade. A mesma coisa no restaurante. Não há ninguém no restaurante, com exceção de dois funcionários e dois indivíduos que estão comendo, todos sozinhos. Tudo parece muito ensaiado a ponto de parecer extremamente artificial", explica Sandra em vídeo para a BBC News.
O “Eco da verdade” possui 23 mil inscritos no Youtube e foi criado em 2017, segundo informações da própria plataforma.
Confira aqui um dos vídeos de "O eco da verdade":
Com informações da BBC News