O governo Burundi anunciou que solicitará à Alemanha e Bélgica que paguem uma indenização de 36 bilhões de euros (cerca de R$ 225 bilhões de reais) e devolvam os objetos roubados do seu território, como forma de reparação pela exploração no período de colonial. O país junta-se a Namíbia, Tanzânia e Congo, que também iniciaram processos contra crimes cometidos por nações europeias invasoras na África.
Desde 2018, historiadores e economistas do Burundi pesquisam os danos econômicos que o país sofreu em seu período colonial (1890 - 1962). A partir deste estudo, o presidente do Senado burundiano, Reverien Ndikuriyo, divulgou que o governo organiza a apresentação de uma queixa formal contra Alemanha e Bélgica.
Os estudiosos consideraram os "trabalhos forçados" e as penas "cruéis, degradantes e desumanas" durante o período de dominação europeu e também as consequências de longo prazo. Após o fim da Primeira Guerra Mundial, a Alemanha perdeu suas colônias e o Burundi se tornou posse da Bélgica, momento em que foram criadas divisões entre as etnias hutu, tutsi ou twa. As divisões são apontadas como a origem de conflitos violentos no país.
Já a Namíbia negocia uma reparação com a Alemanha há mais de cinco anos. Em agosto, o presidente namibiano, Hage Geingob, negou uma proposta do governo alemão de 10 milhões de euros (cerca de R$ 64,7 milhões) para compensar o genocídio causado pela colonização europeia no país.
Geingob classificou a proposta como "não aceitável" e como um "insulto", além de criticar o fato da Alemanha não usar o termo "reparação" nas negociações. Entre 1904 e 1908, cerca de 75 mil pessoas das etnias herero e nama morreram na luta contra o domínio colonial.
A Tanzânia também pressiona o governo alemão para assumir sua responsabilidade nos crimes de guerras que ocorreram no período colonial, como o massacre de etnias na Revolta de Maji-Maji (1905 - 1907).
Embora ainda sem sinas de uma reparação financeira, o genocídio belga no Congo foi reconhecido pelo rei Phillippe neste ano. Descendente de Leopoldo II, que matou mais de 10 milhões na África, o monarca abordou o tema pela primeira vez, depois que protestos contra o monarca tomaram as ruas de várias cidades da Bélgica, em conexão com o movimento Black Lives Mather.
Em uma carta enviada ao presidente da República Democrática do Congo, Denis Sassou Nguesso, no último mês de julho, Phillippe diz que sente o "mais profundo pesar pelas feridas" realizadas durante o período colonial.