Um trabalho envolvendo pesquisadores do Reino Unido, EUA e Japão, publicado nesta segunda-feira (14) para revista Nature Astronomy, revela que foi encontrada no planeta Vênus o composto químico fosfina, um tipo de gás que na Terra só existe por atividade industrial ou produzido por micróbios de ambientes anaeróbicos (sem oxigênio).
"Ou vamos descobrir uma forma não orgânica de fazer fosfina (mais provável) ou vamos encontrar organismos em Vênus (seria fantástico)", escreveu no Twitter o biólogo Atila Iamarino, comemorando o potencial de se descobrir um organismo com vida em outro planeta.
"Sobre o que é mais provável, acho mais fácil ser uma reação que não conhecemos (produção não biológica de fosfina) do que toda uma bioquímica desconhecida (vida a mais de 400 °C). Mas a segunda opção seria fenomenal, abre chances de vida em muito mais planetas", emendou, ressaltando a temperatura da superfície de Vênus.
Segundo os pesquisadores que divulgaram o estudo, este é indício científico mais forte encontrado até hoje de vida extraterrestre, que seriam de micróbios, no caso.
"Com o conhecimento atual que temos sobre química e sobre Vênus, não existe uma explicação possível para a presença de fosfina nas nuvens do planeta que não seja vida", diz a astroquímica Clara Sousa-Silva, do MIT (EUA), uma das autoras do trabalho, em entrevista por e-mail à Folha de S.Paulo.
A ideia de procurar fosfina por perto, especificamente em Vênus, foi da líder da equipe, Jane Greaves, da Universidade de Cardiff, no Reino Unido: “Quando descobrimos os primeiros indícios, ficamos em choque!”, disse a astrônoma em nota.
A hipótese de vida microbiana em Vênus fora levantada há mais de 50 anos pelo talvez mais popular astrônomo do mundo, Carl Sagan, famoso pelo livro e série "Cosmos" (lançados na década de 1980). A teoria foi publicada em um artigo dele no periódico científico Nature, em 1967, chamado "Vida na superfície de Vênus?".