O Congresso do Peru aprovou nesta sexta-feira (11), por maioria simples, uma moção para declarar “vago” o cargo de Presidente da República, o que, na prática, é o início do processo de destituição do presidente Martín Vizcarra, envolvido em um suposto caso de corrupção.
Em meio a uma nova crise política no país, e enquanto se agrava o desastre sanitário causado pelo coronavírus, o parlamento peruano aprovou a moção que afirma que Vizcarra sofre de “incapacidade moral permanente”, razão pela qual deveria deixar o cargo.
A moção recebeu 65 votos a favor, 36 contrários e 24 abstenções. Precisava de uma maioria simples para ser aprovado (52 votos). Com isso, o Congresso iniciou o processo de deliberação sobre a situação de Vizcarra, que deve durar entre 4 e 5 dias úteis. Ou seja, em meados da próxima semana, deve haver uma definição sobre sua queda ou manutenção no poder.
Marín Vizcarra é acusado de pedir às assessoras Mirian Morales e Karen Roca que mentissem em uma investigação legislativa sobre escândalo de corrupção que compromete seu governo. Nas conversas, Vizcarra tenta planejar a resposta que dará publicamente sobre a contratação irregular, por US $ 50 mil, do cantor Richard Cisneros, conhecido como “Richard Swing”, pelo Ministério da Cultura.
Seis partidos opositores concordaram em apresentar uma petição de impeachment, considerando que haviam provas suficientes com os três registros de áudio das conversas entre o presidente e as assistentes.
Esta não é a primeira vez que Vizcarra enfrenta o Congresso. Em setembro de 2019, o presidente dissolveu constitucionalmente o Parlamento, após este aprovar sua suspensão temporária e empossar a vice-presidente Mercedes Aráoz interinamente – ela terminou renunciando, “evitar quebrar da estabilidade constitucional”, alegou. Aquela crise terminou com o presidente convocando novas eleições legislativas.
Vale lembrar, também, que o próprio Vizcarra assumiu o poder, em março de 2018, após a queda de Pedro Pablo Kuczynski, que enfrentou o mesmo processo, mas renunciou antes da votação final sobre o seu impeachment.