Quem conhece sobre o contexto social e político da Colômbia já deve ter ouvido falar que o ex-presidente e líder ultradireitista Álvaro Uribe (2002-2010) tem ligações com várias organizações de narcotraficantes, incluindo o Cartel de Medellín, e seu histórico chefão, Pablo Escobar.
Pois um informe revelado nesta segunda-feira (31) mostra que os serviços de inteligência dos Estados Unidos também sabiam dessa conexão entre Uribe e o narcotráfico ao menos desde 1991.
Se trata de um memorando do Departamento de Defesa que revela a relação de políticos colombianos com as organizações narcotraficantes, e Uribe é uma das figuras descritas como “um dos elos de Pablo Escobar com o mundo da política colombiana”.
O documento foi divulgado pelo Arquivo de Segurança Nacional dos Estados Unidos, onde está guardado desde agosto de 2004, após ser assinado pelo então secretário adjunto de Defesa, Peter W. Rodman.
O memorando também conta que Uribe manteve relações com os paramilitares após a morte de Escobar, quando ele era governador do Departamento de Antioquia (entre 1995 e 1997).
Nenhuma dessas informações impediu os Estados Unidos de transformar Uribe em um aliado estratégico na América Latina, através do chamado Plano Colômbia, promovido na Década de 2000 graças à proximidade entre o presidente colombiano e o então mandatário norte-americano George W. Bush, e que consistia no uso de bases militares colombianas pelo exército estadunidense.
Outra curiosidade é que o Plano Colômbia, ao menos em seu objetivo declarado, visava combater o narcotráfico na região – relato que se torna mais controverso agora, ao constatar que os estadunidenses sabiam da ligação do presidente colombiano com algumas organizações.
Por outro lado, serve para fortalecer a desconfiança de que o verdadeiro objetivo do plano era pressionar militarmente países vizinhos da Colômbia onde haviam governos progressistas, como Venezuela e Equador.
Vale destacar, também, que esta revelação surge em um momento em que Uribe se encontra em prisão domiciliar, decretada em 4 de agosto pela Suprema Corte de Justiça da Colômbia, por supostamente liderar um esquema de pagamento de propinas, lavagem de dinheiro, obstrução da justiça e envolvimento com grupos paramilitares, denúncia baseada em pacote de mais de 20 mil horas de grampos telefônicos.