Duas semanas depois de sair de cena e envolvido em escândalos de corrupção, o rei emérito Juan Carlos I autorizou, no último domingo (17), a Casa Real Espanhola a anunciar o seu paradeiro.
O monarca octogenário havia deixado seu país no dia 3 de agosto e seu paradeiro era desconhecido. Pistas falsas chegaram a confundir a imprensa e a sociedade espanhola. Havia quem afirmasse que Don Juan Carlos estava em Portugal, mas também se especulava que o seu paradeiro era a República Dominicana, onde estaria hospedado na mansão dos empresários anticomunistas Alfonso e Pepe Fanjul.
Agora, em um comunicado oficial da Casa Real Espanhola, sabe-se que o ex-monarca partiu em um voo privado que saiu de Paris em direção a Vigo e, de lá, ele se dirigiu a Abu Dabi, capital dos Emirados Árabes.
Longe dos meios de comunicação, Don Juan Carlos segue sua vida nababescamente.
Escândalos
Don Juan Carlos é o mesmo rei que, em 2007, durante a 17º Cúpula Ibero-americana de Chefes de Estado e de Governo, em Santiago do Chile, ordenou que presidente venezuelano, Hugo Chávez, se calasse, com a famosa frase “por qué no te callas?".
Em 2011, uma imagem chocou os espanhóis: duas Ferrari chegaram ao Palácio da Zarzuela como presente ao monarca dado pelos amigos ricos dos Emirados Árabes. Os veículos tiveram que ser cedidos à União.
Em 2012, com o país mergulhado numa crise econômica, uma notícia chocou os súditos de sua alteza: o rei dera entrada em um hospital para fazer uma cirurgia devido a um deslocamento do quadril. A causa? O monarca estava em um safari em Botswana e deixou-se, inclusive, fotografar, com arma em punho, ao lado de um elefante abatido. Por esse episódio, Brigite Bardot disse à imprensa: “O Rei Juan Carlos é nojento. É a vergonha da Espanha. Espero que isto lhe tenha ajudado a organizar suas ideias para se comprometer a partir de agora com a biodiversidade".
O safari real foi pago por um empresário sírio.
No início de julho deste ano, mais um escândalo. Procuradores espanhóis passaram a investigar o monarca depois que descobriram que ele passou, em 2012, 65 milhões de dólares para a conta de sua ex-amante, a alemã Corinna Larsen. O rei já era investigado por envolvimento num esquema de propinas, na ordem de 100 milhões de dólares, envolvendo contratos referentes à instalação de um trem de alta velocidade entre as cidades sauditas de Meca e Medina.
O rei também esteve envolvido em escândalos sexuais e o seu genro, Iñaki Urdangarin, foi indiciado em 2011 por fraude e enriquecimento ilícito, por desviar recursos públicos por meio de uma ONG. Em 2013, Juan Carlos teve bens confiscados por conta das manobras criminosas de seu genro e sua filha. Em 2019, Iñaki Urdangarin foi condenado a 5 anos e dez meses de prisão.