O Procurador-Geral da Bolívia, Fausto Lanchipa, nomeado pela ditadura de Jeanine Áñez, anunciou nesta segunda-feira (6) a instalação de um processo contra o ex-presidente Evo Morales pelo suposto crime de “terrorismo”.
Segundo a Comissão de Promotores de Combate à Corrupção, órgão ligado ao Ministério Público do país, Morales seria responsável pelo “bloqueio de caminhões com alimentos que tentaram entrar no Departamento de Cochabamba”, no final de novembro, e que teriam sido impedidos por uma suposta “ação liderada pelo líder social local Faustino Yucra e coordenado do exterior”.
A tese da acusação é que Morales teria ordenado a ação contra os caminhões por telefone. O procurador Lanchipa assegura ter os áudios que comprovariam a denúncia. Naquele então, o ex-presidente se encontrava no México, país para onde foi ao fugir da Bolívia, no dia seguinte ao golpe de Estado – em dezembro, ele foi à Argentina, onde se encontra em asilo político até hoje.
Em declaração publicada em suas redes sociais, Morales afirma que a denúncia do Procurador-Geral “é mais uma prova da perseguição política sistemática do governo de fato contra o MAS” – em referência à sigla do seu partido, o Movimento Ao Socialismo.
Na semana passada, outros órgãos governamentais bolivianos iniciaram denúncias com efeitos eleitorais contra o MAS: a Gestora de Seguridade Social acusou o candidato presidencial Luis Arce, favorito para as eleições de 6 de setembro, de liderar um esquema de corrupção, enquanto o Tribunal Supremo Eleitoral iniciou um processo para tornar o partido MAS ilegal, devido a uma suposta fraude nas eleições de outubro de 2019 – tese que é sustentada por um informe da OEA (Organização dos Estados Americanos) que já foi questionado por ao menos 3 grupos de especialistas independentes dos Estados Unidos.