Após o TSE (Tribunal Supremo Eleitoral) da Bolívia anunciar, neste fim de semana, mais um adiamento das eleições presidenciais no país, centenas de milhares de pessoas se reuniram em grandes marchas, em diferentes cidades do país, apesar da pandemia do coronavírus, para protestar contra a decisão.
Segundo a autoridade eleitoral boliviana, é justamente a pandemia a causa pela qual a data do pleito foi alterada, passando do dia 6 de setembro para o 18 de outubro.
A maioria dos manifestantes eram ligados a organizações sindicais e movimentos sociais de camponeses e trabalhadores da mineração. Entidades como a Central Operária da Bolívia, Federação Única de Trabalhadores Camponeses, Conselho das Federações Camponesas Los Yungas, Confederação Sindical das Comunidades Interculturais Originais da Bolívia e Jovens Interculturais Indígenas, entre outras.
Multitudinaria marcha de la COB y grupos sociales que piden elecciones el 6 de septiembre en Bolivia se dirige a La Paz.. #eleccionesEnBolivia #Bolivia pic.twitter.com/kHU7QShj1p
— El InforManTE ? (@elinforman_t) July 28, 2020
Esta é a quarta data diferente para as eleições na Bolívia, depois do golpe de Estado no qual as Forças Armadas, com apoio de empresários e entidades evangélicas, derrubou o governo de Evo Morales e impôs a vice-presidenta do Senado, Jeanine Áñez, como sucessora provisória.
A ditadora assumiu o poder prometendo um mandato breve, e que não seria candidata. A primeira data marcada foi o dia 23 de fevereiro, mas foi alterada justamente para que Áñez pudesse descumprir sua primeira promessa, e lançasse sua candidatura.
A segunda data foi o dia 3 de maio, mas foi alterada com o crescimento dos casos de coronavírus na Bolívia. O 6 de setembro foi a terceira data, e caso seja mantida a decisão deste fim de semana, acabará sendo descartada pela mesma desculpa anterior.
??En #Bolivia Si usted no se ha enterado de que hace una semana en múltiples ciudades de #Bolivia ?? decenas de miles han protestado contra el gobierno GOLPISTA de @JeanineAnez, no es su culpa,?? el cerco mediático impuesto sobre este país es tremendo??
pic.twitter.com/O00xuDjaFq— ©halecos Amarillos?????? ??A?N?O?N?Y?M?O?U?S?? (@ChalecosAmarill) July 21, 2020
Com isso, o “curto mandato” que Áñez prometeu poderia acabar tendo mais de um ano, já que ela assumiu no dia 12 de novembro, e o TSE boliviano programou um possível segundo turno no dia 29 de novembro.
As pesquisas de opinião na Bolívia indicam que o favorito para vencer o pleito é o economista Luis Arce, candidato do MAS (Movimento Ao Socialismo), partido de Evo Morales. Ele tem cerca de 41%, segundo última medição, e com isso poderia ser eleito já no primeiro turno, caso supere o segundo colocado por mais de 10%.
Além disso, as pesquisas também indicam que a ditadura de Áñez possui uma rejeição de 58% da população. Cifra que tem crescido nas últimas semanas, com a má gestão da pandemia.