Durou pouco mais de 48 horas a alegria de Martín Pradenas, o empresário chileno acusado de cinco estupros. Nesta sexta-feira (24), o Tribunal de Apelações de Temuco reverteu a decisão tomada na quarta-feira, de dar a ele o benefício da prisão domiciliar enquanto aguarda a audiência que definirá o caso.
Além disso, a Justiça do Chile também determinou a prisão preventiva de Pradenas por ao menos 120 dias, em presídio comum.
A reviravolta é vista pela imprensa local como uma vitória do movimento feminista chileno. Após a decisão favorável ao acusado, diversos coletivos feministas realizaram protestos, alguns inclusive nas ruas de algumas cidades, desafiando as quarentenas, mas a maioria através de intensos panelaços, nas cidades de Santiago (capital do país), Valparaíso, Concepción e Temuco (no sul do Chile, onde ocorreram os cinco crimes pelos que Pradenas é acusado).
Inicialmente, o processo contra Pradenas envolvia somente o caso de Antonia Barra, uma jovem de 21 anos que se suicidou em outubro de 2019, depois de ser estuprada por Pradenas, um mês antes. Porém, o caso encorajou outras quatro vítimas do acusado, algumas das quais mantiveram segredo guardado durante quase uma década, e o promotor Miguel Rojas conseguiu que todos os casos fossem incluídos em uma única ação, visando dar mais força a uma possível condenação – já que ganharam volume e contaram com os testemunhos das demais vítimas.
Apesar desse esforço, na decisão de quarta-feira, a Justiça chilena preferiu aceitar o argumento da defesa de Pradenas, de que “Antonia Barra saiu viva da casa de Pradenas, o que indica que sua abordagem não foi violenta, e que provavelmente esse nem mesmo foi o motivo pelo qual ela se suicidou” – segundo a tese do advogado Gaspar Calderón, para dizer que seu cliente “não oferece perigo à sociedade”.
Para contestar com essa alegação, amigas de Antonia apresentaram ao tribunal dois áudios nos quais ela contou que estava em depressão pelo abuso que havia sofrido.
Além do estupro de Antonia Barra, Martín Pradenas também é acusado por abusos cometidos em 2010, 2012, 2014 e 2018. Os dois primeiros casos envolvem meninas que eram menores de idade na época dos crimes – a vítima de 2010 tinha 16 anos naquele então, e a de 2012 tinha 13 anos. Antonia foi a única vítima com mais de 20 anos idade entre as atacadas pelo estuprador. O caso ainda não tem uma sentença definitiva.