O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla, se manifestou nesta quinta-feira (16), em uma entrevista à imprensa do seu país, sobre a proposta do governo de Donald Trump de vender o território insular de Porto Rico, no Mar do Caribe
A declaração do chanceler cubano faz referência a uma entrevista da diplomata estadunidense Eliane Duke, ex-secretária de Segurança Interna dos Estados, que afirmou em entrevista recente ao The New York Times (publicada em 12 de julho) que o presidente Donald Trump trabalha desde 2017 em um projeto sobre uma possível venda da ilha de Porto Rico.
Segundo Duke, a ideia de vender Porto Rico surgiu após a passagem do furacão Maria, naquele mesmo ano de 2017, que causou devastação na ilha, deixando um saldo de 2,9 mil mortes, prejuízos financeiros de cerca de 91 bilhões de dólares e um estado de calamidade que se manteve durante meses. Naquele contexto, Trump teria perguntado diretamente à então secretária sobre “a viabilidade de vender a ilha”.
“Suas ideias para resolver o problema de Porto Rico eram as de um empresário, mais que de um presidente. Perguntou se poderíamos terceirizar a eletricidade, se poderíamos vender a ilha, ou diminuir os investimentos nela da forma que fosse possível, e organizou um processo nesse sentido”, contou a ex-secretária.
Para Rodríguez Parrilla, as revelações de Duke configuram “uma prova do desprezo com o qual o presidente dos Estados Unidos trata as nações da América Latina e do Caribe”.
“Também mostra o apego de Trump com a Doutrina Monroe, um instrumento colonial cuja história de morte e sofrimento é bem conhecida”, completou o chanceler.
La pretensión de vender #PuertoRico, recientemente revelada, es cruda manifestación del desprecio con que el Presidente de #EEUU trata a las naciones del hemisferio y explica su apego a la doctrina Monroe, instrumento colonial cuya historia d muerte y sufrimiento es bien conocida
— Bruno Rodríguez P (@BrunoRguezP) July 16, 2020
Além do diplomata cubano, quem também reagiu às revelações da entrevista foi a prefeita de San Juan de Porto Rico, Carmen Yulín Cruz, pediu respeito a Porto Rico e afirmou que a ilha não está à venda, em um tuíte com mensagem curta e em letras maiúsculas.
Por sua parte, o ex-governador Acevedo Vilá comentou que “os porto-riquenhos estão indignados ao ver a forma como o atual presidente republicano se refere” ao território. Tanto Vilá quando Yulín Cruz são do Partido Democrata.
Puerto Rico IS NOT FOR SALE! https://t.co/9YbBFYra4X— Carmen Yulín Cruz (@CarmenYulinCruz) July 13, 2020
A Casa Branca reagiu dizendo que o presidente não pretende vender a ilha e que destinou mais de 90 bilhões de dólares a Porto Rico depois da passagem do furacão, que incluiriam 50 bilhões em verbas para prevenir possíveis desastres futuros.
No entanto, essa informação é contestada pelo Partido Democrata, que alega que se trata de uma meia verdade, já que apenas 41 bilhões foram aprovados pelo Congresso, dos quais os investimentos que saíram dos cofres estatais foram 11 bilhões, o que confirmaria, também em parte, o relato de Duke, já que mostraria que o governo passou a buscar investimentos para a ilha que não se tratassem de recursos federais.