Desde o assassinato de George Floyd em uma ação abusiva da polícia de Minneapolis, os Estados Unidos e o mundo passaram a viver diversas marchas e protestos contra o racismo, que têm como uma das principais marcas as ações contra estátuas e monumentos que representam figuras históricas racistas ou ideais que defendem a segregação racial.
Nesse contexto, o Reino Unido vem discutindo a controvérsia pelo desenho da medalha da Ordem de São Miguel, condecoração que é entregue pela coroa britânica para reconhecer pessoas que realizaram algum ato honrosa aos olhos da rainha.
No desenho, aparece um anjo, que seria São Miguel, representado por um homem loiro, com um pé sobre a nuca, supostamente de satanás, mas este é representado por uma figura humana com características de um afrodescendente. A cena lembra muito o caso de George Floyd, razão pela qual o debate sobre ela, que não é novo no país, ganhou mais repercussão desta vez.
Uma petição que foi entregue ao Parlamento Britânico pedindo o redesenho do distintivo, por considerar que a imagem é racista. “Esta sempre foi uma imagem altamente ofensiva, mas que também lembra o recente assassinato de George Floyd pelo policial branco”, afirma o documento, que já reuniu mais de 9 mil assinaturas.
A cantora Bumi Thomas, nigeriana radicada em Londres, ativista e especialista em comunicação visual, explicou em entrevista ao The Guardian que a imagem na medalha é extremamente ofensiva aos negros.
“O que vemos, onde supostamente seria a figura de Satanás, não é um demônio, e sim um homem negro acorrentado com uma figura branca pressionando o seu pescoço. É literalmente o que aconteceu com George Floyd, e o que vem acontecendo com os negros há séculos sob o disfarce de missões diplomáticas, ações policiais e outras situações que estão normalizadas na nossa sociedade graças à desumanização de pessoas de pele negra”, analisou a artista.