Uma videoconferência realizada nesta quarta-feira (24) reuniu figuras do PT (Partido dos Trabalhadores) e do Partido Trabalhista inglês, e contou com a participação da ex-presidenta brasileira Dilma Rousseff e do parlamentar britânico Jeremy Corbyn, ex-líder da oposição no país – cargo que ocupou desde 2015 e até o último mês de abril.
Durante a conversa, promovida pelos ingleses dentro do seminário “Brazil, Bolsonaro and the Coronavirus Catastrophe”, Dilma e Corbyn manifestaram sua preocupação com a ascensão da extrema-direita em vários países do mundo, a começar pelo Brasil, que tem vivido as consequências desse fenômeno junto com os problemas da pandemia dos coronavírus.
O líder britânico expressou sua solidariedade ao povo brasileiro, ao que descreveu como “vítima da irresponsabilidade de Jair Bolsonaro”. A ex-presidenta chamou a política de Bolsonaro para enfrentar a pandemia de “ação criminosa”, e disse que o atual mandatário “não tem sensibilidade diante da vida e da morte”.
“A reação de Bolsonaro (à pandemia) piorou a situação no Brasil. É uma loucura o presidente dizer que qualquer medida de isolamento deve ser evitada”, lembrou Corbyn. Em seguida, o britânico também falou de sua preocupação com a crise ambiental brasileira e “o terror mundial em relação às queimadas da Floresta Amazônica”.
Ambos os líderes reforçam compromisso dos seus partidos com a defesa dos interesses dos trabalhadores e defenderam a unidade da esquerda em uma ação internacional contra a agenda neoliberal e a ascensão da extrema-direita.
Também participaram do encontrou o jornalista estadunidense Glenn Greenwald e a parlamentar inglesa Claudia Webbe.
Em sua intervenção, Greenwald analisou a situação do Brasil dizendo ser “indescritivelmente trágica”. Para o jornalista, “nós temos três crises interligadas que se retroalimentam e pioram umas as outras. Uma é pandemia. A outra é a crise econômica e o aumento da desigualdade. E a terceira é um ataque concatenado contra a democracia brasileira por Bolsonaro. O Brasil está sob ataque”.
Para encerrar, Corbyn defendeu a unidade internacional da esquerda, dizendo que “não podemos permitir que o mundo seja conduzido por corporações. Essa unidade é muito importante. Vamos trabalhar com Lula, Dilma e (o senador estadunidense) Bernie Sanders. Somos fortes. Essa é a força para o futuro. Vamos aprender com as lições desta pandemia de covid-19”.