O Chile viveu um dia de forte repressão policial nesta sexta-feira (1), em que a CUT (Central Unitária dos Trabalhadores) tentou organizar um singelo ato pelo Dia do Trabalhador, apenas com a presença dos seus dirigentes, mas terminou sendo fortemente atacada pelos Carabineros (polícia militarizada chilena).
A violência policial foi vista especialmente em Santiago, capital do país, e em Valparaíso, cidade onde fica a sede do Congresso Nacional. Em ambas localidades, líderes sindicais tentaram fazer pequenos atos para recordar a data mais importante da luta dos trabalhadores, mas sem a massividade de outros anos e respeitando as normas de isolamento estabelecidas pelas autoridades.
Em entrevista para meios locais, a presidenta da CUT, Bárbara Figueroa, explicou que “nossa intenção era fazer um ato simples, de não mais de 20 minutos, muito breve e com a presença somente dos dirigentes sindicais, não convocamos os trabalhadores em geral porque entendemos a situação de pandemia, mas queríamos que não passasse batido esta data tão importante para os trabalhadores, entretanto, nos encontramos com uma brutal repressão por parte do governo de Piñera, que mais uma vez vulnera os nossos direitos e a nossa integridade física”.
Segundo Figueroa, foram presos mais de 20 dirigentes sindicais da CUT, incluindo Eric Campos (vice-presidente de Comunicação), Nolberto Díaz (secretário-geral), Rodrigo Oyarzún (presidente do sindicato da empresa engarrafadora CCU), José Pérez Debelli (presidente da Associações de Funcionário Públicos), entre outros.
AHORA | En una brutal represión policial del gobierno de Piñera en el #1deMayo se llevan detenido al secretario general @NolbertoDiaz y al vicepresidente de comunicaciones @EriccamposB pic.twitter.com/kZHNUn7Eek
— CUT Chile (@Cutchile) May 1, 2020
Além dos sindicalistas, a polícia chilena também prendeu repórteres e membros das equipes de filmagem do canal público TVN, que cobriam o ato em Santiago.
Embora a polícia chilena seja conhecida por seu caráter repressivo, as prisões arbitrárias de sindicalistas e jornalistas eram ações que não se viam no país desde a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1988).
Curiosamente, estes episódios acontecem dias depois de a ex-presidenta chilena e atual Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, publicar uma mensagem oficial na qual alertou para que os estados de emergência “não deveriam ser usados como armas para agredir as divergências, controlar a população ou fomentar a perpetuação no poder”.