No prejuízo, Embraer vai à Justiça cobrar "calote" de US$ 4,2 bi da Boeing

Boeing, empresa admirada por Donald Trump, desistiu da compra da Embraer, autorizada por Bolsonaro em janeiro de 2019. Somente com a cisão da unidade de aviação comercial a brasileira teve gastos de R$ 485,5 milhões em 2019

Bolsonaro e Michelle na fábrica da Embraer em Jacksonville, nos EUA (Foto: Alan Santos/PR)
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Com uma série de prejuízos acumulados desde que Jair Bolsonaro autorizou a "fusão" com a Boeing, em janeiro de 2019, a Embraer informou nesta segunda-feira (27) que vai à Justiça cobrar 4,2 bilhões de dólares depois que a empresa estadunidense, uma das mais admiradas por Donald Trump, desistiu da compra alegando que a brasileira deixou de cumprir certas pré-condições.

A Embraer diz, no entanto, que as alegações da Boeing são falsas para evitar o pagamento do valor bilionário em meio à pandemia do coronavírus, que causou uma crise sem precendentes no setor aéreo mundial.

No fim de semana, a Boeing cancelou o acordo comercial, pela qual pagaria 4,2 bilhões de dólares por 80% da unidade de aviação comercial da empresa brasileira.

As tratativas iniciaram em 2017 e foram consolidades tão logo Bolsonaro assumiu o poder. O presidente chegou a visitar a fábrica da Embraer em Jacksonville, na Flórida, durante sua última viagem aos EUA, no começo de março, em que diversos membros da comitiva foram contaminados com coronavírus.

Prejuízos
Desde o anúncio da fusão, a Embraer vem acumulando uma série de prejuízos. No terceiro trimestre do ano passado, a empresa já registrava 77,2 milhões de dólares em perdas.

Em nota ao Valor Econômico nesta segunda-feira (27), a Embraer informou que somente com a cisão da unidade de aviação comercial a empresa teve gastos de R$ 485,5 milhões em 2019.

“A empresa buscará todas as medidas cabíveis contra a Boeing pelos danos sofridos como resultado do cancelamento indevido e da violação do contrato. A realização dos termos do acordo exigiu investimentos significativos, em um complexo e demorado processo iniciado há mais de dois anos”, afirma a empresa na nota.