Nesta sexta-feira (17), a Justiça do Equador aceitou um processo no qual os líderes indígenas Jaime Vargas e Leónidas Iza são acusados de terrorismo.
Qual é a base da acusação? Simplesmente, as críticas que ambos fizeram às políticas neoliberais do governo do presidente Lenín Moreno, e também sua postura errática com respeito à crise de saúde no país a partir da pandemia do novo coronavírus.
Jaime Vargas é presidente da Conaie (Confederação Nacional dos Povos Indígenas do Equador) e Leónidas Iza é dirigente da MICC (Movimento Indígena Camponês Cotopaxi). Ambos foram alvos de uma ação iniciada por políticos de direita aliados de Lenín Moreno, representados na figura do advogado e político Alberto Dahik que já foi vice-presidente do país (durante o governo de Sixto Durán Ballén, entre 1992 e 1995).
Segundo a Justiça, Jaime Vargas terá que comparecer aos tribunais no dia 29 de abril, para prestar seus esclarecimentos sobre o caso, enquanto Leónidas Iza deve fazer o mesmo, no dia seguinte.
Em um comunicado publicado horas depois da oficialização da denúncia, a Conaie manifestou que “Esta notificação vem imediatamente após o anúncio de novas medidas econômicas apresentadas por Lenín Moreno (….) que agora prefere colocar sua vingança política e um sistema judicial perseguidor como método para fazer política, em vez de atuar em favor dos equatorianos e atender à emergência de saúde e conter a disseminação do coronavírus no país”.
Por sua parte, o MICC expressou que Lenín Moreno “limita as garantias constitucionais dos povos indígenas, mas isso não é nada novo, já que a perseguição aos nossos líderes já era evidente desde o ano passado, e vamos resistir novamente desta vez”.